2/01/2018

O crescimento da energia eólica

A mescla de fontes renováveis e tradicionais na matriz energética é fundamental para manter a segurança e a confiabilidade do sistema brasileiro

Em agosto de 2017, a energia eólica respondeu por 10% da produção energética do país. De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), foi a primeira vez que essa fonte de energia atingiu dois dígitos da geração brasileira. Com o passar dos anos, a energia eólica aumentou sua representação na matriz energética brasileira, saltando de 3,5% para 5,4%, na comparação entre 2015 e 2016, de acordo com relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Durante o XXIV SNPTEE (Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica), o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, vê com bons olhos o desenvolvimento dessas fontes de energia. “O destino do Brasil é a energia renovável, é a nossa vocação. Solar e eólica, por exemplo, tem crescido enormemente”, afirmou na abertura do evento.

Em sua fala, Pedrosa sugeriu que o Brasil substituía as chamadas “obras estruturantes”, como as hidrelétricas e suas extensas linhas de transmissão – pelo investimento nas energias renováveis. Para isso, na opinião do secretário-executivo, o governo precisa rever o modelo de subsídios, dando transparência e informação à sociedade e fazendo com que essa prática seja incentivada.

Isso se torna ainda mais importante em momentos, como o vivido atualmente, no qual a fonte hidráulica sofre com a seca. Dessa forma, o governo é obrigado a acionar as termelétricas, fazendo com que os consumidores finais paguem pela chamada bandeira vermelha: entenda os fatores que influenciam nesta decisão.

Períodos de intermitência

Apesar disso, há um consenso entre especialistas de que é impossível para o país sobreviver somente de energias renováveis, especialmente a eólica. Haverá, de fato, momentos em que a geração estará em um nível mais baixo do que o programado, exigindo que a administração pública ofereça outras opções, seja ela a hidrelétrica, termelétrica ou outra opção.

Embora seja um investimento mais pesado, uma das soluções apontadas para o sistema energético do Brasil está na armazenagem de energia gerada a partir das fontes intermitentes, como o vento e o sol. Esses sistemas precisam também estar interligados, garantindo que os consumidores receberão energia, independentemente de sua origem.

Investimento da Copel

Em outubro, a Copel inaugurou mais um complexo eólico, localizado em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. Dona de 49% do complexo, cuja capacidade de produção é de 520 GWh por ano. Para o presidente da Copel, Antonio Guetter, a Copel está apostando na geração renovável, seguindo uma visão “inovadora, sustentável e empreendedora”.

Atualmente, a empresa conta com 15 parques eólicos, divididos em três grandes complexos no Rio Grande do Norte. Além disso, há previsão de inauguração do Complexo Eólico Cutia, também localizado em terras potiguares, em 2019. Esses empreendimentos juntos têm potência de 646 MW, atendendo 2 milhões de pessoas. O movimento da Copel tem sido realizado por outros players e têm chamado a atenção de empresas estrangeiras, com conhecimento para atuar nesta área.

Fator de capacidade

Na Europa, por exemplo, o fator de capacidade – denominação do período em que os equipamentos estão, de fato, gerando energia – é de 30%, enquanto, no Brasil, ele atinge 50%. Em outras palavras, o potencial brasileiro é quase duas vezes maior do que o encontrado na Europa. Os investimentos da Copel não estão localizados no Rio Grande do Norte à toa, pois os estados da região Nordeste apresentam os melhores índices, caso de Ceará e Bahia, seguidos do extremo sul do Brasil, no Rio Grande do Sul.

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