Situação de reservatórios é mais preocupante do que em 2014
Imagem: Cemig divulgação
Nota técnica sobre a possibilidade de retomar a operação da Termelétrica Fortaleza, no Ceará, causa preocupação a empresas, consumidores e interessados no setor de energia elétrica
Duas simulações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgados no início de outubro, causaram alertas para empresas, consumidores e interessados no setor de energia elétrica. Ambas apontaram preocupação por mostrar que, em novembro, após o fim do período de estiagem nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a situação não estaria tranquila.
A primeira delas – mais otimista – indicou armazenamento de 14,6% no final de novembro, enquanto a segunda – mais conservadora – apontou 12,2%. “Para os dois cenários estudados, o operador indica níveis esperados inferiores àqueles verificados em 2014, quando ocorreu o pior armazenamento em novembro nos últimos 20 anos (15,8%) no subsistema Sudeste/Centro-Oeste”, afirmou o Ministério de Minas e Energia (MME) em nota técnica.
Essa informação foi transmitida ao mercado de maneira “extraoficial”, visto que foi manifestada dentro da consulta pública relativa ao funcionamento da Termelétrica Fortaleza. Parada devido a problemas no fornecimento de gás natural por parte da Petrobras, a usina cearense já aparece como uma opção para suprir a falta de energia, em especial na região Nordeste. Na época, a Petrobras preferiu pagar multas a assumir o funcionamento da termelétrica com o preço do gás subsidiado.
Segundo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), considerando o histórico desde 1931, o ano de 2018 é o sexto mais desfavorável em termos de energia natural efluente (ENA) que se interliga ao sistema de energia nacional. O ENA se trata do volume de energia que pode ser produzido de acordo com o regime de chuvas – quanto maior o ENA, maior a capacidade de produção de energia.
Acionamento das termelétricas
Pela consulta realizada pelo MME, o acionamento das termelétricas se daria até 30 de abril de 2019, como forma de suprir uma possível queda nos reservatórios de água. O Ministério reconheceu essa necessidade, afirmando que “a inclusão excepcional até abril de 2019 de custos fixos nos custos variáveis das usinas termelétricas a gás natural, despacháveis e sem contrato de comercialização de energia elétrica vigente”.
Segundo a Agência Brasil, o propósito é contratar termelétricas sem contrato vigente de suprimento de combustível, nem de comercialização da energia elétrica, mas que possam se adequar aos custos para atender as necessidades do Sistema Interligado Nacional (SIN). O acionamento dessas usinas visa preservar os reservatórios do Nordeste – e de outros locais do país, já que abre precedente para tal.
Enquanto isso, a entrada de fontes intermitentes na matriz energética segue em discussão, o que poderia reduzir essa necessidade.
Preparem seus bolsos
Ainda sem um anúncio oficial, as perspectivas do MME e as necessidades do SIN deixam um recado claro aos consumidores, sejam eles empresariais ou residenciais. Como as termelétricas têm um custo mais caro, o seu acionamento deve se refletir diretamente nas contas mensais, mantendo as bandeiras vermelhas na tarifa de energia – que já sobe acima da inflação.
Dessa forma, é possível afirmar sem medo de errar que o consumidor será novamente penalizado pela falta de investimentos e de estrutura do sistema energético brasileiro, incapaz de suportar a demanda necessária ao país. No caso das empresas, veja algumas dicas para tentar reduzir o impacto desse provável reajuste.