83% dos brasileiros consideram energia cara ou muito cara
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Desde 2015, pelo menos 80% dos entrevistados consideram a energia cara ou muito cara; há também um movimento pedindo flexibilidade de escolha do fornecedor
Uma nova pesquisa da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), realizada em parceria com o Datafolha, mostrou que 83% dos consumidores consideravam a energia cara ou muito cara no ano passado. A pesquisa ouviu 2.081 pessoas em 130 municípios, entre os dias 10 e 14 de maio. Na avaliação do ano passado (referente a 2019), o estudo da Abraceel apontava que 84% dos brasileiros reclamavam do preço da energia.
Ao longo dos anos, a insatisfação foi crescendo e se manteve neste porcentual superior a 80%. Em 2014, o índice era de 67%. Na última sondagem, apenas 13% dos consultados analisavam o valor como justo – em 2014, o porcentual era de 28%. É possível conferir a pesquisa na íntegra: basta clicar aqui.
Percebe-se, conforme o gráfico abaixo baseado na pesquisa anterior, que a insatisfação dos consumidores, desde 2015, entrou em um patamar superior a 80%, com oscilações para cima e para baixo.
Outros tópicos de destaque da pesquisa:
– 53% da população consideram excessivos os impostos na sua conta de luz;
– 74% se esforçaram em economizar energia para não atrapalhar o orçamento familiar: no levantamento anterior, o índice era de 64%.
– 81% gostariam de ter um mercado livre para escolher o seu fornecedor de energia: o posicionamento cresce conforme o nível de escolaridade e é mais notório ainda nas capitais;
– 70% dos entrevistados trocariam hoje a sua fornecedora de energia;
– 46% dizem que pagariam mais pela energia, caso tivessem a garantia de que iriam incentivar modais renováveis, como solar e eólico.
Cada estado teve um aumento ao longo de 2021, conforme a empresa responsável. Em média, porém, os aumentos em 2021 ficaram em cerca de 10% até o mês de julho — em São Paulo, subiu 15% enquanto, em Minas Gerais, ficou em 1,5% .
Uma das principais razões para isso está no fato de o Brasil ter declarado emergência hídrica, conforme explicamos neste artigo, o que obriga o acionamento das usinas térmicas, que produzem energia mais cara.
Portabilidade
Além disso, existe também a reclamação dos consumidores da falta de portabilidade – o que é esperado, especialmente em uma comparação com o setor de telefonia. Mais de oito em cada dez brasileiros (81%) gostariam de poder escolher o seu fornecedor. A título de comparação, é o maior índice da série histórica, 1 ponto porcentual acima do patamar obtido na pesquisa do ano passado.
Caso houvesse a possibilidade, 7 em cada 10 clientes buscariam outra empresa para ser o seu fornecedor de energia, buscando renegociar os valores pagos. Em 2020, o índice era de 63%. O principal motivo para uma troca é justamente o preço (64%), seguido pela tentativa de ser abastecido por um modal de energia limpa (20%).
A insatisfação não é só do consumidor residencial. Energia cara é também uma das principais dificuldades para os empresários. Quase a totalidade deles – 99% — perceberam a elevação do custo da energia nos últimos 12 meses. Para os dois perfis de consumidores, o custo subiu acima da inflação oficial.
Causas da energia cara
Se os consumidores consideram a energia cara, quais são as razões por trás disso? Na avaliação dos entrevistados, há dois fatores principais: a alta carga tributária (55%) e a falta de concorrência no setor (28%).
“Hoje, a energia elétrica é um dos serviços mais taxados, por uma razão muito simples: os governos estaduais têm muita facilidade em arrecadar imposto por meio da conta de luz, então incidem diversos impostos – federais, estaduais –, e o consumidor percebe que a energia é cara devido aos muitos tributos”, disse o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, em entrevista à Agência Brasil.
Para tornar esse ambiente mais seguro para o consumidor e para os investidores, a Câmara dos Deputados está discutindo o Código Brasileiro de Energia Elétrica. Veja, neste artigo, os principais pontos do texto, que vai em linha com dois dos desafios do setor de energia: diminuir o preço da energia e dar mais flexibilidade ao consumidor, a exemplo do que aconteceu em diversos setores que passaram por momentos de inovação.
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