O setor de energia está preparado para o possível aumento da demanda?
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Em janeiro, país bateu recordes do consumo de energia, graças ao calor acima da média: será que o sistema energético é capaz de absorver a nova demanda? Segundo o ONS, a resposta é sim
O início de 2019 traz grandes dúvidas para os empresários e empreendedores do Brasil em todos os sentidos: políticos, econômicos e energéticos. Um novo governo, com ideias distintas em diversos setores, assumiu o país depois de 16 anos de um mesmo grupo no poder, o que sempre gera algum tipo de expectativa. Com uma visão econômica mais liberal – e mais alinhada aos interesses dos empresários –, cria-se a possibilidade de que o país retome um crescimento mais contínuo.
As previsões sugerem crescimento de 2,5% do PIB após anos de estagnação ou crescimento ínfimo. Um dos fatores para esse raciocínio está na possibilidade de uma Reforma da Previdência e a privatização de algumas estatais. Estima-se que, se a agenda econômica do país efetivamente funcionar, o Brasil poderá seguir em uma espiral de crescimento. E uma das preocupações é se o sistema energético será capaz de suprir essa demanda, pois será mais exigido do que em anos anteriores – a EPE estima um crescimento de 3,6% em 2019.
Garantia do governo
No fim de 2018, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata (que segue no cargo), disse que o setor está preparado, conforme matéria de O Globo. De acordo com ele, se o PIB brasileiro aumentar 2,7% ao ano, a demanda de energia aumentará em 3,8%, índice ao qual o sistema tem totais condições de absorver. “Mesmo com uma antecipação nas taxas de crescimento em um a dois anos, ainda sim, nós teremos condições de atender”, declarou ao jornal.
Apesar de garantir o atendimento, Barata afirmou que, se houver esse aumento fora do planejamento nos dois primeiros anos, o sistema terá que fazer uma reavaliação, pensando em novos projetos capazes de atender o setor. Ao que parece, esse novo planejamento terá que ser feito, especialmente se levarmos em conta o aumento do consumo no início de 2019.
Somente em fevereiro deste ano, o ONS estima um crescimento de 7% da demanda por energia elétrica na comparação com o mesmo período de 2018. Conforme a instituição, a diferença se deve ao fato de o carnaval ter caído em fevereiro no ano anterior. Em janeiro, o recorde de consumo de energia foi sendo batido diversas vezes. Em 30 de janeiro, conforme o Sistema Interligado Nacional, a demanda máxima chegou a 90.525 MW – antes o maior valor tinha sido registrado no dia 23, com 89.114 MW.
Quais os desafios?
Um relatório produzido pela PWC apontou os principais desafios que serão enfrentados pelo sistema energético brasileiro. De acordo com a consultoria, as casas inteligentes e a Indústria 4.0 devem, efetivamente, passar a fazer parte do dia a dia das pessoas – e toda essa conectividade demanda mais energia por parte dos consumidores.
– Oferta descentralizada de energia – também conhecida por geração distribuída. Nesse caso, o sistema precisaria se preparar para ter uma relação diferente com os consumidores: além de somente consumir, eles poderiam produzir energia e vender o excedente para o sistema. Isso é cada vez mais comum nos países mais avançados, especialmente a partir da energia solar.
– Matriz mais sustentável – As hidrelétricas representam 70% da energia produzida no Brasil. Isso não quer dizer que não seja possível ampliar ainda mais a sustentabilidade, sobretudo se o país apostar em modais com grande potencial, como a energia solar e eólica.
Em ambos os casos, não se trata apenas de uma melhoria estrutural, mas de mudanças de legislação e na forma de operação do sistema para suprir as novas tendências e necessidades que o país venha a ter. Neste artigo, é possível observar outras demandas do setor. O próprio Ministério da Fazenda sugeriu medidas para que a área de energia elétrica possa avançar.