BNDES é indutor do crescimento do setor elétrico
Presidente da instituição, Joaquim Levy, deixou claro, em entrevista, que o foco do banco deve ser no setor de infraestrutura
Em 2018, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) despejou R$ 69,3 milhões no financiamento de projetos de infraestrutura para o Brasil. O setor de energia elétrica recebeu aproximadamente R$ 15,8 bilhões, o que corresponde a 22,9% do total desembolsado pelo banco. Em comparação a 2017, o crescimento de aportes no setor foi de 14%. Para se ter ideia, a agropecuária – talvez o principal negócio hoje do país – recebeu financiamentos de R$ 14,6 bilhões e a indústria, de R$ 12,3 bilhões.
Há mais recursos que foram aprovados, mas, aos poucos, devem ingressar no sistema. No comparativo de aprovações, a energia elétrica respondeu por R$ 26,1 bilhões – 27,6% dos R$ 94,8 bilhões do total. Entre as aprovações principais, encontram-se o financiamento para o sistema de transmissão que vai conectar a Estação Conversora Xingu, no Pará, à Estação Conversora Terminal Rio (RJ). A obra vai ser o principal canal para o escoamento da energia da Usina de Belo Monte.
BNDES focará em infraestrutura
Para os próximos anos, há uma tendência de que o BNDES dê ainda mais prioridade aos projetos de infraestrutura em comparação aos anos anteriores. Isso porque o novo presidente do banco, o ex-ministro da economia Joaquim Levy, declarou em entrevista ao Valor Econômico que esse deve ser o foco do banco. “Haverá um natural foco na infraestrutura, em que o crédito de mais longo prazo é fundamental para a viabilização de projetos com tarifas sustentáveis”, disse.
Levy ressaltou que há o interesse em recuperar o potencial de investimento do BNDES. Em 2010, os aportes da instituição chegaram a 4,3% do PIB e caíram para 1% no ano passado – uma das menores aplicações de recursos da década. Ou seja, a crise reduziu o potencial de investimento do banco. A expectativa é que o BNDES reassuma o papel de indutor do crescimento estrutural e estratégico do país, o que inclui o setor elétrico.
“O BNDES está pronto para, junto com o mercado, dar sustentação ao novo ciclo de investimento que virá com a reforma da Previdência e a votação de várias leis de reforma setorial, como nos casos de gás, eletricidade, saneamento”, disse. “Na eletricidade, temos que vencer algumas complexidades e armadilhas da gestão do risco hidrelétrico e evitar a proliferação desordenada de fontes caras, inclusive térmicas”, ressaltou.
A preocupação de Levy está em linha com a de empresários brasileiros, que temem que um possível crescimento da economia e, como consequência, da demanda por energia elétrica possam levar o setor elétrico a um apagão. Uma das soluções tem sido a importação de energia, prática que aumentou em 2018 na comparação com 2017 – e da qual o Brasil pode reduzir sua dependência.
Redução de entraves
Um relatório produzido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que os investimentos públicos no Brasil estão em menos da metade dos registrados em países emergentes e na América Latina. Entre as sugestões, o órgão internacional apontou:
– Criar espaço para investimento público com a revisão de gastos obrigatórios;
– Priorizar estrategicamente o investimento público e desenvolver um banco de projetos, classificados por prioridade;
– Aprimorar a coordenação entre os governos para planejar investimentos;
– Ampliar o quadro estratégico de Parcerias Público-Privadas, aperfeiçoando a atuação das agências regulatórias.
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