Linha de transmissão Xingu-Rio entra em operação em agosto
Com 2.539 quilômetros, Linhão atravessa cinco estados, 81 cidades e custou R$ 8,7 bilhões, levando a energia produzida em Belo Monte para a Região Sudeste
A maior linha de transmissão do mundo será inaugurada neste mês de agosto. Com 2.539 quilômetros de extensão, a linha de transmissão Xingu-Rio, que levará a energia gerada em Belo Monte para a Região Sudeste, sai de Anapu, no Pará, e vai até Paracambi, no Rio de Janeiro. Ao todo, o chamado Linhão atravessa cinco estados e 81 cidades e deve beneficiar aproximadamente 20 milhões de pessoas.
Era importante que a obra estivesse concluída até dezembro deste ano para evitar que a mega usina tivesse sua produção limitada devido à falta de linhas para o escoamento da energia. Neste caso específico, ao contrário da maior parte das obras relacionadas à infraestrutura do país, o projeto foi entregue com três meses de antecedência.
Para muitos players e investidores, existem dúvidas se o Brasil está preparado para um possível aumento da demanda de energia, uma consequência normal de uma possível retomada da economia do Brasil.
Chinesa que investe
Ao custo de R$ 8,7 bilhões, trata-se de mais um investimento no setor de energia realizado pela chinesa State Grid Brazil Holding (SGBH). Fundada em 2002, a companhia chegou ao Brasil em 2010, tornando-se a companhia que mais investe no setor elétrico – R$ 6 bilhões somente no ano passado –, assim como a maior distribuidora de energia do país.
A obra conta com o sistema UHDVC 800 kV, a mesma tecnologia implementada um ano antes, de forma inédita no Brasil e na América Latina, na primeira linha de transmissão, a Xingu-Estreito, entre Pará e São Paulo. Trata-se de um sistema de corrente contínua em vez de corrente alternada.
A escolha por esse modelo se deve à tentativa de reduzir as perdas de energia, sobretudo em uma transmissão em grandes distâncias. Estima-se que este novo sistema tenha perda de 3,5% a cada 1 mil quilômetros, cerca de 30 a 40% menores do que no caso da corrente alternada. Esse tipo de inovação é entendido como um dos desafios do sistema de energia do país.
A State Grid foi a vencedora do Leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2015, que definiu quem iria construir e operar a transmissão de energia de Belo Monte. A companhia deve receber cerca de R$ 988 milhões pela construção e futura operação da estrutura, em um contrato de concessão de 30 anos. Há expectativa de que os chineses também invistam em projetos de energia renovável.
Mudança de paradigma na linha de transmissão Xingu-Rio
Em seu site, a State Grid ressalta que, ao todo, a linha de transmissão Xingu-Rio conta com 4.448 torres, que cruzam três biomas: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Em vez de dar início ao projeto pela engenharia e, posteriormente, realizar a avaliação ambiental, o projeto contemplou primeiro como poderia reduzir o impacto para, em um segundo momento, avançar na parte mais técnica. Por esse motivo, o traçado do projeto cresceu 139 quilômetros, saindo de 2,4 mil kms para 2.539.
No entanto, essa mudança permitiu que se desviasse de comunidades indígenas e quilombolas, o que teria potencial para atrasar o andamento da obra. Embora não tenha sido a escolha mais inteligente do ponto de vista econômico, tornou-se um processo mais seguro, já que se reduziram os riscos de embargos.