ONS desenvolve aplicativo para prever geração de energia eólica e solar
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Instituição confirmou o desenvolvimento de uma forma de estimar a produção de energia a partir do vento e que está em trabalho de criação do método para a energia do sol
A matriz energética brasileira está se transformando. Aos poucos, a energia hidráulica está “ganhando concorrência” e perdendo relevância dentro das diversas opções adotadas pelo país. Parte dessa redução se deve ao avanço de outras duas fontes renováveis: a eólica e a solar. No entanto, esses dois modos de produzir tornam o sistema mais complexo de ser administrado devido ao fato de ser intermitente. Por isso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está tentando melhorar a previsibilidade da geração desse tipo de energia.
Em matérias recentes dos jornais Folha de S. Paulo e Estadão, o ONS confirmou que desenvolveu um aplicativo que se baseia em previsões de vento fornecidas por instituições especializadas para projetar a geração de usinas eólicas. De acordo com a instituição, um sistema semelhante está sendo desenvolvido para prever a capacidade de geração dos parques solares, cada vez mais comuns no país, especialmente com um tempo de retorno de investimento a cada dia menor. A expectativa para que o app relacionado à energia solar esteja concluído em um prazo de dois anos.
Em entrevista ao site da ONS, o diretor-geral da instituição, Luiz Eduardo Barata Ferreira, colocou essa necessidade de projeção como uma das dificuldades para a modernização do sistema. “A grande presença de renováveis na matriz elétrica, principalmente eólica e solar, trarão grandes mudanças para o Operador. Se por um lado essas fontes têm custos mais baixos e menor impacto ambiental, por outro teremos uma parcela maior de geração não controlável, o que traz maior complexidade para a operação do sistema”, explicou.
O principal propósito com os aplicativos é permitir uma maior previsibilidade do sistema como um todo (com a projeção de geração dessas usinas, assim como ocorre com o acompanhamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas), tomando como base o histórico do consumo de energia. Dessa maneira, torna-se mais simples para determinar se há necessidade de acionamento de termelétricas ou de adotar outros tipos de medidas para garantir a segurança energética do país.
Projeções
As projeções do governo mostram que, de 2018 para 2027, a participação das hidrelétricas deve se reduzir de 64% para 51% — vale lembrar que, nas décadas de 1980 e 1990, a força das águas respondia por mais de 80% da capacidade de produção de energia do Brasil. Por outro lado, outras fontes renováveis vão compensar parte desta queda, saindo de 22% para 28%.
Entre as dificuldades enfrentadas pelo modal hidrelétrico, está o fato de licenças e outros tipos de autorizações demorarem muito tempo – o licenciamento de PCHs e CGHs leva, em média, 9 anos. Além disso, as últimas hidrelétricas construídas usam o modelo conhecido como fio d’água, no qual não existe a necessidade de áreas alagadas para a construção de reservatórios. No entanto, por outro lado, a falta de um reservatório evita que esse sistema dê mais regularidade ao sistema, o que ocorre, por exemplo, com as usinas antigas, caso de Itaipu.
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