Estrangeiros de olho nas empresas elétricas estaduais
Imagem: Copel
Empresas elétricas estaduais de quatro estados caminham para a privatização e geram interesse de grandes conglomerados internacionais, que já estão operando negócios no país
Seis empresas elétricas estaduais estão em diferentes etapas de seu processo de privatização. Elas são de quatro estados: Rio Grande do Sul (CEEE-GT, e CEEE-D), Distrito Federal (CEB), Amapá (CEA) e Minas Gerais (Cemig D e Cemig GT). Algumas ainda estão definindo como será o processo de privatização, com o suporte do BNDES, enquanto outras ainda dependem de aprovação da Assembleia Legislativa para que o processo persista e ocorra de fato, caso da Cemig. Ou seja, não serão concedidas à iniciativa privada de imediato.
No entanto, essas seis empresas estão atraindo o interesse de grupos estrangeiros. De acordo com o jornal Valor Econômico, conglomerados internacionais, como o chinês State Grid, o espanhol Iberdrola, a portuguesa EDP e a italiana Enel, já sinalizaram interesse em realizar novos aportes no país. Estima-se que as seis elétricas estaduais respondam por um parque gerador de 8 mil megawatts (MW), que atende aproximadamente 11,4 milhões de clientes, empregando cerca de 11 mil pessoas.
Abertura do mercado
Parte dessas companhias já conhece e opera no mercado – conhecendo seus pontos fortes e fracos. A Enel, por exemplo, adquiriu a goiana Celg, em 2016, com um investimento de R$ 2,2 bilhões e se mostra interessada na CEB – até mesmo pelos aspectos geográficos. A companhia atua em geração, distribuição, transmissão e comercialização, além de no desenvolvimento de fontes renováveis, cada vez mais acessíveis e competitivas. Presente em 30 países, a companhia leva energia a 73 milhões de usuários no globo.
A State Grid atua na distribuição de energia em São Paulo e no Rio Grande do Sul – e em outros 12 estados — e já admitiu estar de olho em novas oportunidades em solo brasileiro. Com 23 concessionárias e mais de 11 mil quilômetros de linhas de transmissão, a empresa está no país desde 2010 e efetuou investimentos na ordem de R$ 6 bilhões no ano passado. A companha foi a responsável pela linha Xingu-Rio, que entrou em operação no país recentemente.
Alguns movimentos realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no entanto, deixam os investidores estrangeiros com temores de efetivar os investimentos. Recentemente, a Aneel negou a revisão de tarifas de três distribuidoras: Cepisa (Piauí, adquirida em julho de 2018 pelo grupo Equatorial), Ceron (Rondônia) e Eletroacre – ambas, comprados pela Energia em agosto do ano passado.
Movimento de privatização
Recentemente, no país, há um debate forte a respeito da privatização, especialmente na área de energia. Trata-se de uma das bandeiras da atual gestão, especialmente em mercados nos quais o governo é incapaz de investir com a mesma velocidade que a iniciativa privada, caso do setor de energia.A Solfus já emitiu sua opinião a respeito desse movimento em relação à Eletrobras. A presença de grandes conglomerados internacionais tende a profissionalizar e melhorar o ambiente de negócios do setor de energia – além de obrigar as companhias nacionais a estarem mais alinhadas às boas práticas realizadas no mercado. É baseado nesse aumento de competição entre os players e no crescimento da eficiência que o governo espera atingir o falado “Choque de Energia Barata”.