Desafios do Brasil para o setor elétrico: a necessidade iminente de investimentos
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Há um consenso: é preciso aumentar os recursos destinados ao setor de infraestrutura, especialmente se a economia do país voltar a crescer
As estimativas do Ministério de Minas e Energia (MME) são de que os investimentos para o setor elétrico vão demandar R$ 450 bilhões até 2029 tanto em novas plantas de geração quanto na infraestrutura necessária para a transmissão e distribuição de energia. Para os próximos dez anos, existe a projeção de um crescimento estimado de 35% na geração e de 39% em transmissão.
Para tal, o governo afirma estar estudando a melhor maneira de aplicar os recursos e de atrair verbas estrangeiras. “A visão estratégica que estamos seguindo consiste em investir ainda mais na diversificação de nossa matriz energética, aumentando a inserção de fontes renováveis e limpas com maior racionalidade econômica. Investimentos privados nacionais e estrangeiros são necessários e bem-vindos para impulsionar o setor de energia e a economia brasileira em geral”, afirmou Bento Albuquerque à Agência Brasil.
Existe um consenso de que o setor de energia elétrica precisa crescer de modo a suportar o possível aumento da demanda com a retomada da economia – há uma correlação, quanto melhor o desempenho econômico, maior a necessidade de energia (e de investimentos para o setor elétrico).
Necessidade futura
Um estudo conduzido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre desperdícios de recursos e o futuro mostrou que há uma grande demanda de dinheiro em diversos setores de infraestrutura do país. Na área de energia, por exemplo, entre 2007 e 2018, foram aportados R$ 193,2 bilhões em projetos relacionados à energia elétrica – média anual de R$ 16,5 bilhões, o que representa 0,23% do Produto Interno Bruto (PIB).
A melhoria da infraestrutura é uma das premissas usadas pela Fiesp para defender o aumento da competitividade do país, especialmente no setor industrial e no de construção civil. A projeção da Fiesp é de que, no período de 2019 a 2030, existe a necessidade de aumentar esses recursos para, ao menos, R$ 261 bilhões – cerca de R$ 21 bilhões por ano (0,27% do PIB). Só o 5G deve resultar no aumento do consumo de energia, o que exige investimentos para a segurança jurídica.
Pode parecer uma diferença pequena, mas o valor de R$ 5 bilhões por ano equivale a mais de 50% do investimento feito para a construção do Linhão Xingu-Rio (R$ 8,6 bilhões), que tem 2.539 quilômetros de extensão e leva a energia produzida de Belo Monte para a Região Sudeste.
Retomada da infraestrutura
Entre 2007 e 2014, o Brasil investiu R$ 814 bilhões em obras de infraestrutura (transportes, energia elétrica e bens minerais, como o petróleo) – cerca de R$ 102 bilhões ano ou 1,6% do PIB. A partir de 2014, os investimentos em infraestrutura caíram de forma sintomática. De 2015 a 2018, foram R$ 76,8 bilhões por ano, uma queda de 25% na comparação com o investimento de 2007 a 2014.
As reduções também se deram nas esferas estadual e municipal, especialmente pela queda do repasse de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os recursos desse programa, por exemplo, caíram de R$ 73,9 bilhões em 2014 para R$ 30,7 bilhões em 2017. Para o setor de energia, a Fiesp defende a “necessária revisão rápida da política energética do país, a qual permita recompor a competitividade da indústria nacional, com redução de encargos, de impostos e do próprio custo primário da energia”, diz o estudo.
“Particularmente importante são os custos da energia elétrica para os consumidores livres, que disputam com as distribuidoras as concessões de energia nova e velha em condições desiguais: para as distribuidoras, a energia é revendida mais cara, obtendo-se lucro com a operação; para a indústria, a energia é um custo que, para o bem da competitividade, deve ter paridade com os valores praticados no exterior. Outro ponto prioritário é o preço do gás natural, que, no Brasil, custa cerca de três vezes mais do que nos Estados Unidos, por exemplo”, segue em sua análise a Fiesp.
Acompanhe, nos próximos artigos, outros desafios para o setor elétrico brasileiro para o futuro, além do aumento dos investimentos para o setor elétrico.