Britânica Czarnikow ingressa nos mercados de etanol e de energia elétrica no Brasil
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Companhia pretende usar sua expertise no ramo para gerar rendimentos tanto com o biocombustível quanto com a venda de energia elétrica gerada a partir do bagaço da cana de açúcar
Depois de atrair a atenção de players do setor financeiro, caso de Itaú Unibanco e Indusval, a britânica Czarnikow informou, no fim do mês de agosto, que pretende iniciar suas operações nos mercados de etanol e energia elétrica do país.
Inicialmente, a companhia recebeu a autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para abrir uma nova empresa, a CzEnergy, que comercializará etanol no Brasil. Além disso, a empresa pretende negociar energia no Mercado Livre a partir do bagaço da cana-de-açúcar.
Especializada no mercado de açúcar e etanol, a Czarnikow enxerga no Brasil uma oportunidade de expandir a sua atuação. Em seu blog, a companhia afirma que, “ao longo dos últimos 20 anos, o setor de energia no Brasil foi reestruturado de modo a permitir a companhias estrangeiras e não relacionadas com o poder público a contribuir com o fornecimento de energia”, diz. Neste caso, a companhia espera operar no Ambiente de Contratação Livre (ACL), o Mercado Livre de energia.
“O Mercado Livre é grande e está em crescimento, significando que muitas outras companhias estão entrando no segmento de energia do Brasil pela primeira vez, seja como produtor, vendedor ou mesmo consumidor”, ressalta. Um dos argumentos para a companhia é o fato de o consumo de energia ter crescido em média 4,4% por ano nas duas últimas décadas – a Czarnikow espera que, com uma maior conectividade de áreas rurais a demanda até mesmo triplique até 2050.
A companhia tem o propósito de usar o bagaço da cana – um resíduo da produção de açúcar – para vender energia no mercado livre. Com a expertise da empresa com o produto e seu segmento, a companhia espera se tornar um player importante no mercado energético brasileiro.
A importância do Brasil no mercado de etanol
A empresa britânica também considera importante integrar um dos mercados de etanol mais importantes do mundo. De acordo com a companhia, o programa de uso do etanol do Brasil se tornou a “iniciativa mais bem-sucedida de substituir um combustível fóssil em todo o globo”, mesmo com seus inúmeros problemas, citando o programa “Proálcool”, problemas da produção na década de 1980 e a entrada do mercado de automóveis flex nos anos 2000.
Segundo a Czarnikow, desde o fim de 2016, o preço da gasolina no país está seguindo a flutuação dos preços internacionais, permitindo ao etanol retomar a sua competitividade. O aumento da gasolina combinado com um menor plantio de cana de açúcar tornou o etanol mais atrativo, o que fez com que muitos produtores voltassem a investir na cultura.
“Para um estrangeiro, pode-se assumir que os dois produtos (etanol e açúcar) estão em competição direta, quando, na realidade, ambos estão disponíveis para as fábricas. Na realidade, é com o melhor aproveitamento da cultura de cana de açúcar que as fábricas podem ter a sua alavancagem”, ressalta a companhia em outro post no blog.
Para a empresa, o fato de o Brasil ter uma matriz de energia limpa – baseada especialmente nas hidrelétricas – torna o investimento ainda mais atrativo, considerando as discussões sobre os impactos dos combustíveis fósseis no meio ambiente.