Energia limpa movimenta mercado de fusões & aquisições
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Segmento representou 80% do total das negociações do mercado entre janeiro e agosto de 2020
Um levantamento obtido pelo Valor Econômico mostrou que o segmento de geração renovável de energia respondeu por 27 operações de fusões & aquisições entre janeiro e agosto deste ano. Em porcentual, esses dados representam 80% do total de transações, enquanto em 2019 e 2018, respectivamente, somaram 61% e 53%. Os dados são da KPMG.
Na entrevista concedida à publicação, o sócio da KPMG no Brasil Paulo Guilherme Coimbra considera dois fatores preponderantes para este aumento: menor volume de negócios no mercado regulado e uma situação mais favorável no Mercado Livre de energia.
Segundo Coimbra, com a pandemia, muitas empresas precisavam monetizar projetos e as fusões & aquisições se tornaram um caminho viável, assim como uma maior preocupação com as agendas climáticas e ambientais colocam a energia limpa no radar de muitos empreendedores.
Desde o ano passado, as discussões sobre aspectos relacionados à sustentabilidade ganharam corpo no Brasil, com as informações a respeito do aumento do desmatamento na Amazônia e que se estendeu com as queimadas que estão assombrando o Brasil nos últimos meses.
Oportunidades de investimento no segmento
Com os caixas afetados em função das consequências da pandemia, abrem-se possibilidades para investidores com mais disponibilidade de recursos, que conseguem encontrar oportunidades em meio à crise do Coronavírus – cenário que afetou praticamente todos os segmentos em escala global.
Em matéria da agência Reuters repercutida pelo portal Money Times, o vice-presidente da elétrica chinesa CTG, no país, Evandro Vasconcelos já havia previsto o favorecimento das fusões & aquisições no país. “A gente acha que vai haver uma consolidação”, diz. De acordo com Vasconcelos, a pandemia criou um ambiente insólito e novo, no qual novas empresas buscam ingressar para desafiar os atuais players. O interesse da CTG seria em ampliar o portfólio de investimentos, especialmente nas áreas de energia eólica e solar.
O executivo ressaltou que a companhia está estudando o aporte de recursos na área de energia alternativa, sobretudo energia solar e eólica.
Tendência
No relatório da KPMG relativo ao ano passado, o setor energético teve 47 transações – 27 domésticas, 16 estrangeiras, além de 4 compras de empresas internacionais que adquiriram capital de companhias de fora do país, mas que já operam em solo nacional.
Há tendência de que, nos próximos anos, o mercado cativo continue se tornando atrativo para empresas que querem integrar o mercado brasileiro. Pelo fato de o Brasil ser um grande polo para energias renováveis, com grande capacidade para estabelecimentos de energia hidrelétrica, eólica e solar, acaba se tornando um alvo para investidores estrangeiros.
Outro movimento feito por investidores financeiros é a escolha do segmento de energia voltado às aplicações financeiras. Muitos ativos são considerados uma espécie de aplicação em renda fixa, mas com rendimentos maiores do que os registrados pelo mercado.