1/02/2021

Pandemia atrasa processo de universalização da energia no país

Imagem: Pexels

Atraso na entrega de insumos oriundos da China reduziu capacidade de investimentos, o que atrasou cronogramas das distribuidoras

É consenso que a energia elétrica é uma commodity fundamental para a economia de maneira geral, especialmente com as evoluções tecnológicas que temos experimentado ao longo dos últimos anos. Discutem-se os investimentos necessários para que as cidades se tornem inteligentes e, mesmo na esfera pessoal, as aplicações das assistentes virtuais são cada vez mais comuns, com a possibilidade de controle da casa por comandos de voz.

Enquanto este cenário futurístico se desenha, o Brasil ainda não conseguiu universalizar o fornecimento de energia. Ou seja, nem todos os brasileiros contam com uma infraestrutura mínima para serem atendidos com energia elétrica. Recentemente, material produzido pelo Estadão mostrou que famílias de áreas rurais e zonas mais distantes dos centros urbanos ainda não são totalmente atendidas por energia elétrica.

Pior: a pandemia atrasou o cronograma estabelecido para suprir esta demanda. Como a maior parte dos insumos são oriundos da China – que passou meses sem exportar ou receber pedidos –, muitas das empresas foram incapazes de cumprir as estimativas que haviam apresentado inicialmente à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O material produzido pelo Estadão e replicado em outros portais incluiu a resposta da Aneel em relação aos pedidos para readequação de metas e de investimentos. “Ainda não existe um levantamento dos impactos e eventuais atrasos na execução das ligações em decorrência da pandemia. Somente após esse levantamento poderá ser dimensionada a quantidade de ligações que serão executadas até o final de 2022″, afirmou a agência.

Se houver necessidade de rever planos, metas e prazos, serão instauradas consultas públicas específicas.

Exemplos

No caso do Amazonas, a concessionária Amazonas Energia afirma que existem 22.191 domicílios em seus 62 municípios. O custo de cada ligação é de aproximadamente R$ 20 mil, o que resultaria em um investimento de cerca de R$ 445 milhões.

Na Bahia, a conta era de efetivar 30,2 mil ligações no programa Luz para Todos no ano passado. No entanto, praticamente a metade não saiu do papel. A projeção é que as obras superem R$ 1,4 bilhão neste ano para realizar as ligações atrasadas.

Dados da Eletrobras

Somente no primeiro semestre de 2020, os investimentos do programa Luz Para Todos somaram R$ 27,79 bilhões. Desse total, R$ 20,19 bilhões – o equivalente a 73% — foram oriundos de recursos setoriais (Conta de Desenvolvimento Energético – CDE e Reserva Global de Reversão – RGR), sendo que R$ 16,8 bilhões foram liberados no primeiro semestre, de acordo com a Eletrobras.

Desde 2004, o programa já executou 3,5 milhões de ligações, beneficiando 16,8 milhões de pessoas do meio rural. Vale destacar que, cada vez mais, o meio rural também necessita de energia devido ao uso de tecnologias que ampliam a produtividade da agricultura e da pecuária.No Paraná, desde outubro de 2019, o governo do Paraná realiza o que chama do programa Paraná Trifásico, que estima construir 25 mil quilômetros de redes em todo o estado, com investimento de R$ 2,1 bilhões. O propósito é dar mais segurança no fornecimento de energia para as áreas rurais.

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