20/04/2021

Brasil encerra 2020 com 1,6% de queda no consumo de energia

Brasil encerra 2020 com 1,6% de queda no consumo de energia

Reflexos da pandemia, especialmente nos meses de abril, maio e junho afetaram o desempenho do segmento no ano; 2021 ainda gera incertezas

O ano de 2020 fechou com queda de 1,6% no consumo total de energia elétrica na comparação com 2019, somando 474.231 GWh. As projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicavam aumento de 3,7% — a previsão foi feita antes da deflagração da pandemia de Covid-19.

A redução de 1,6% nem sequer pode ser considerada como resultado negativo, levando em conta o contexto vivido no ano passado. Há uma forte correlação entre o setor energético e a produção econômica, que viveu momentos muito duros no ano passado. Neste artigo, trazemos a correlação do aumento da capacidade instalada desde 2012.

Ao observar os gráficos criados com os dados disponibilizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é possível perceber o impacto da pandemia, especialmente nos meses de abril, maio e junho. Tratou-se do período de maior incerteza, no qual não se tinha informações sobre o vírus e gerou um impacto mais profundo sobre a sociedade – em especial, no segmento econômico, com medidas de restrição mais severas para impedir um possível contágio com o vírus.

É simples observar uma linha de tendência de crescimento no consumo de energia elétrica, que, embora tenha sido afetada em novembro, indica a retomada econômica e uma situação regular da demanda de energia nos últimos cinco meses do ano. Embora a pandemia persista, a sociedade já tem mais informações e meios para lidar com ela, visando minimizar os impactos que possam vir a ser causados.

Consumo comercial

Em uma observação apenas em relação ao consumo comercial, os 12 meses de 2020 apresentaram diminuição de 10,5%: de 92 GWh para 82,4 GWh, no ano passado. No segmento industrial, a queda foi de 1,1%: de 167,8 GWh para 165,8 GWh, o que demonstra que as manufaturas foram menos afetadas pela crise causada pela Covid-19, de acordo com o boletim da Empresa de Pesquisa Energética.

Com as medidas de isolamento social, o mercado residencial obteve até mesmo crescimento no consumo de energia em comparação ao ano anterior: aumento de 4,1%. Quando se observa o histórico de consumo ao longo do ano, é possível notar claramente que as indústrias se mantiveram em um patamar sempre parecido, mesmo nos piores momentos da crise (abril, maio e junho).

Por outro lado, o consumo comercial foi se reduzindo ao longo do tempo, tendo o seu pior momento nos meses de novembro e dezembro, quando muitas cidades estavam em um momento de reabertura de suas atividades. Na contramão, o consumo residencial teve o seu momento de maior ascensão neste mesmo período. Nesse contexto, os números, de maneira isolada, precisam ser observados mais profundamente.

É preciso considerar mais variáveis nesta análise: existem muitas empresas mantendo suas forças de trabalho em home office — algumas delas, inclusive, considerando a possibilidade de se tornar um modelo permanente. Dessa forma, muitos escritórios — especialmente em áreas de serviços e TI, que possibilitam o atendimento remoto sem perder efetividade — estão com menor movimentação ou mesmo foram devolvidos, já que as companhias buscam formas de reduzir os seus custos (com locação de imóveis ou salas comerciais).

No momento, o formato de produção do boletim entrega apenas o número bruto, mas é preciso analisá-lo levando em conta o contexto atual e as medidas adotadas pelas companhias para permitirem a continuidade de suas operações.

O que esperar?

Como 2020 mostrou, é difícil fazer com que previsões estejam em consonância com a realidade, especialmente na situação de incerteza vivida pelo Brasil – não só no aspecto de pandemia, mas também nos contextos político e econômico.

As projeções da EPE para o período entre 2019-2023 previam aumento médio de 3,7% na demanda de energia do país. Para se atingir tal resultado, a estimativa levou em conta um crescimento da economia de 2,7% do Produto Interno Bruto.

É seguro afirmar que, com o ritmo da campanha de vacinação e a continuidade do cenário de pandemia do país, uma possível retomada mais forte da economia deve acontecer somente no segundo semestre (ou terceiro quadrimestre). Ou seja, deve-se ter uma certa estabilidade do setor de energia ao longo deste ano, com variações positivas e negativas, a depender da demanda do país e do contexto da pandemia.

Algumas situações devem contribuir para o segmento:

– Crescimento do Mercado Livre de Energia – Em janeiro de 2021, o Mercado Livre contava com quase 11 mil agentes, sendo que cerca de 80% eram consumidores. Atualmente, o ML representa cerca de 30% de toda a energia consumida no país. Quanto maior a abertura deste mercado, maior a tendência de que o volume de consumidores cresça, devido à possibilidade de negociarem seus próprios contratos.

– Mudanças no PLD – Conforme explicamos neste artigo, a mudança no Preço de Liquidação de Diferenças para horário resulta em mais flexibilidade e competitividade para o setor, adequando-o às boas práticas de outros países.

– Maior investimento em Energias Renováveis e Geração Distribuída – Energia Eólica e Solar devem continuar crescendo, com mais investimentos em transmissão e distribuição.

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