26/04/2022

Abraceel vê “janela de oportunidade” para abertura do mercado de energia em até quatro anos

Abraceel vê “janela de oportunidade” para abertura do mercado de energia em até quatro anos

Estudo indica a possibilidade de migração total, superando algumas dificuldades como a remuneração de distribuidoras que assinaram contratos por até 35 anos

Um estudo realizado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) mostrou que a abertura do mercado de energia pode ocorrer em até quatro anos com pouco impacto aos consumidores. Confira o estudo na íntegra clicando aqui.

Uma das explicações para a posição da Abraceel se deve à movimentação do PL 414/2021 – que foi encaminhado para avaliação das Comissões – da Câmara Federal e já há possibilidade de que seja aprovado ainda no primeiro semestre de 2022.

O texto do PL é uma atualização do PLS 232/2016, que tratava do modelo comercial do setor elétrico e da possibilidade de portabilidade da conta de luz. Conforme demonstramos neste artigo, a iniciativa inicial visava a modernização do setor elétrico, buscando uma redução do preço do valor da energia, algo buscado por mais de 8 a cada dez brasileiros e mote para a campanha #QueroEnergiaBarata, que defende a aprovação do PL 414/2021.

Uma das barreiras para o apoio total ao projeto se deve ao fato de que muitas distribuidoras assinaram contratos de até 35 anos com base no mercado cativo e seriam afetadas pela abertura do mercado de energia. 

Para tal, a sugestão da entidade é que o governo adote três medidas para garantir essa janela de oportunidade:

1 – Não renovar os atuais contratos de energia de 2,4 GW médios de usinas térmicas a óleo e diesel a partir de 2023;

2 – Licitar nos mercados livre e cativo o montante de 6,4 GW médios de energia previsto para ser descontratado com o término do Anexo C do Tratado de Itaipu;

3 – Direcionar para o mercado livre nos próximos cinco anos 6,6 GW médios de energia proveniente da extinção do regime de cotas nas usinas da Eletrobras, conforme autorizado pela Lei 14.182/2021, que dispõe sobre a capitalização da estatal.

Com esses três ajustes, haveria a possibilidade de que todos os consumidores pudessem escolher o seu fornecedor de energia em até quatro anos. Com isso, o país poderia subir nos rankings de liberdade de energia elétrica. De acordo com a Abraceel, o país ocupa a 55ª colocação de 56 países analisados, à frente apenas da China.

Abertura do mercado de energia: ganhos e perdas para consumidores

Conforme a entidade, os consumidores arcariam com um custo de R$ 0,05 por MWh até 2035 para compensar as distribuidoras. O valor é considerado baixo, considerando a possibilidade de vantagens oferecidas pelo Mercado Livre de Energia. Esse custo seria compensado pelos custos 27% menores da migração.

A abertura do mercado de energia também seria benéfica para a economia do Brasil: “Essa redução de custo no preço da energia, um dos componentes da tarifa, permitirá uma diminuição média na conta de luz de 15%, benefícios que contribuirão para desacelerar em 0,61 ponto percentual o IPCA, índice oficial de inflação brasileiro”, diz a entidade.

“Há perspectiva de geração de R$ 210 bilhões de redução nos gastos com energia elétrica e 642 mil empregos até 2035”, ressalta em texto publicado em seu site.

Em seu estudo, a Abraceel sugere que, a partir de 2029, o mercado terá uma cobertura média de 70% de fornecimento a partir do ambiente livre, com o restante sendo oriundo do ambiente regulado. Não à toa, os aumentos recentes do valor da tarifa de energia fizeram ocasionaram uma migração para o Mercado Livre.

Atualmente, para ter acesso ao mercado livre de energia, o consumidor deve ter uma demanda mínima de 1,5 mil kW, um volume que restringe essa possibilidade aos grandes consumidores. A expectativa é que a abertura de mercado traga essas vantagens para os demais no curto prazo.

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