Atenção no Mercado Livre de Energia: empresas acumulam R$ 3,3 bi em dívidas

Recuperações judiciais e extrajudiciais expõem fragilidades do mercado e reforçam a necessidade de atenção no Mercado Livre de Energia, com gestão robusta e contratos seguros no Ambiente de Contratação Livre (ACL)
(Imagem: Freepik)
Duas questões geraram preocupações e exigiram o aumento de atenção no Mercado Livre de Energia: o pedido de recuperação judicial da 2W Ecobank e a solicitação de recuperação extrajudicial da Gold Energia. Juntas, as duas empresas somam uma dívida de cerca de R$ 3,3 bilhões no mercado livre de energia, de acordo com a Agência Infra.
Este cenário prega um movimento de atenção no Mercado Livre de Energia e gera impactos sensíveis no Ambiente de Contratação Livre (ACL). Como a 2W e a Gold Energia estão expostas ao risco de descumprimento contratual, isso pode ocasionar atrasos em entregas ou necessidade de reposição emergencial de energia.
Os principais efeitos colaterais são:
– Aumento da percepção de risco no mercado livre;
– Comercializadoras, consumidores e geradores estão revendo critérios de crédito, exigências de garantias e práticas contratuais;
– Cresce a valorização de players com portfólio robusto, ativos em operação e estrutura financeira sólida.
À Agência Infra, a CCEE afirmou que ambas as empresas estão adimplentes com a organização – embora se saiba que há problemas nos contratos bilaterais. “Mantida esta situação, não cabe atuação da CCEE para instaurar ou tramitar novo processo de desligamento por descumprimento de obrigações”, declarou.
2W Ecobank
A Justiça de São Paulo já aceitou o pedido de recuperação judicial da empresa, no entanto não aceitou a liminar para que seguisse operando dentro da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
O pedido realizado pela companhia ao poder judiciário soma dívidas de quase R$ 2,4 bilhões – é um valor muito superior ao anteriormente previsto pelo mercado, que seria de aproximadamente R$ 400 milhões. Por ora, a operação segue ativa, mas com risco elevado de inadimplência e reestruturação forçada de contratos, ampliando a atenção no Mercado Livre de Energia.
O podcast MinutoMega se debruçou sobre a situação da 2W Ecobank e trouxe alguns pontos importantes para entender a situação. Inicialmente, a 2W Ecobank se projetou como uma “green utility”, atuando no ACL com foco em energia renovável, estratégia digital e verticalização da operação via geração própria.
No entanto, o modelo mostrou-se financeiramente vulnerável devido a alguns fatores. Entre eles:
– Crescimento descolado do fluxo de caixa – A empresa firmou contratos de fornecimento com grande volume no ACL antes da consolidação de sua capacidade de geração. Grande parte da entrega era feita com energia adquirida no mercado spot, sensível à oscilação do PLD.
– Atrasos e falência do parceiro de geração – A 2W Ecobank dependia da entrega de ativos de geração contratados com uma empresa parceira, que entrou em colapso financeiro. Com isso, foi inviabilizada a entrada em operação dos parques renováveis, quebrando a lógica de autossuprimento da 2W e ocasionando um descasamento estrutural entre os contratos de venda e a entrega física da energia.
– Deterioração da liquidez e inadimplência – Como consequência, a empresa passou a enfrentar dificuldades para honrar compromissos operacionais e contratuais. As tentativas de captação de recursos junto ao mercado financeiro não obtiveram sucesso, em função da crescente percepção de risco por parte de investidores e instituições financeiras.
– Judicialização e perda reputacional – Consumidores começaram a questionar judicialmente cláusulas contratuais, especialmente os reajustes. A imagem da empresa se deteriorou rapidamente, comprometendo renovações contratuais e novos negócios.
Recuperação extrajudicial: Gold Energia
Desde novembro do ano passado, a situação da Gold Energia já jogava luz e aumentava a atenção no Mercado Livre de Energia, com movimentos que colocaram a sua operação em risco. Em fevereiro, a Justiça de São Paulo deu prazo de 60 dias sem executar as dívidas, que, conforme a Agência Infra, estão na casa de R$ 1,15 bilhão.
Em seu plano de recuperação extrajudicial, a Gold Energia propôs pagar 2,5% da dívida com os credores, contando que o valor global não ultrapasse R$ 25 milhões. O restante da dívida seria quitado ao longo dos próximos 10 anos. Mas o que levou a Gold Energia, que atua como comercializadora no ACL, na intermediação de contratos entre geradores e consumidores, a essa situação?
Contratos desvantajosos em ciclos de preços – A empresa firmou contratos de venda em períodos de preços baixos, e com a elevação do PLD, passou a operar com margens negativas.
Inadimplência de clientes – Crescimento da inadimplência, especialmente entre consumidores médios e pequenos, afetou a liquidez operacional da empresa. Além disso, parte significativa dos contratos não possuía garantias efetivas, dificultando a recuperação judicial de créditos.
Restrição de crédito – Credores passaram a impor barreiras à renovação de linhas de financiamento, o que forçou a empresa a reavaliar sua estrutura de capital.
Escolha estratégica pela recuperação extrajudicial – A opção pela recuperação extrajudicial foi adotada para preservar a continuidade operacional e manter o controle sobre o processo de renegociação.
Ou seja, ambas as situações apenas reforçam a necessidade de contar com parceiros especializados para uma consultoria em Mercado Livre de Energia, que entendam a dinâmica de preços e possam estruturar contratos de maneira segura. A Solfus é especializada e contribui para a transição para o mercado livre com tranquilidade e efetividade.
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