Julho terá bandeira amarela de energia
Depois de mais de dois anos, expectativa de aumento do consumo e de escassez de chuvas contribuíram para a decisão, que afeta também o mercado livre de energia
(Imagem: Freepik)
Depois de 26 meses com boas condições para a geração de energia no Brasil, a bandeira amarela de energia foi acionada no início deste mês de julho. Conforme demonstramos neste artigo, já havia sinal de alerta sobre a possibilidade de manutenção de custos mais baixos em 2024. Uma das coisas boas para o consumidor é o fato do valor do acréscimo da bandeira amarela de energia ter sido reduzido neste ano.
A bandeira amarela de energia significa que as tarifas dos consumidores serão acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kW/h consumidos. Foi esse o reajuste aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em março deste ano. Na prática, houve uma redução de 37% em relação ao adicional de custo da bandeira amarela, que antes era de R$ 2,989 a cada 100 kW/h.
Vale ressaltar que as bandeiras tarifárias foram um sistema desenvolvido para criar uma relação entre o valor pago pelo consumidor de energia e o custo real da geração de energia. Diversos fatores influenciam nisso, em especial a disponibilidade de água, que permite um uso contínuo das hidrelétricas. As indústrias térmicas têm um custo mais elevado e demandam este aumento de custos.
Embora sejam negativas para os consumidores, esse tipo de decisão, que reflete no acionamento da bandeira amarela de energia, é consequência direta do planejamento do setor energético. Ele é baseado em dados e na realização de diversos estudos. Saiba mais neste artigo!
“A bandeira amarela foi acionada em razão da previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano e pela expectativa de crescimento da carga e do consumo de energia no mesmo período. Esse cenário de escassez de chuvas, somado ao inverno com temperaturas superiores à média histórica do período, faz com que as termelétricas, com energia mais cara que hidrelétricas, passem a operar mais”, afirmou a Aneel em seu site.
Impacto no mercado livre de energia
A bandeira amarela de energia representa custos adicionais para todos os consumidores do Ambiente de Contratação Regulada (Mercado Cativo), resultando em aumentos nas contas de energia.
Consumidores do Ambiente de Contratação Livre (Mercado Livre de Energia) que já possuem contratos, economizam ainda mais em relação ao Mercado Cativo, pois não são afetados pelas bandeiras tarifárias. No entanto, clientes que estão buscando novas contratações serão impactados pela expectativa de alta nos preços.
Desde o início de 2024, as ofertas de energia já estavam aumentando em relação a 2023, mesmo em um cenário tecnicamente favorável de chuvas, reservatórios, carga e geração. Este aumento é resultado da pressão de mercado, onde os fornecedores ajustaram suas ofertas para evitar prejuízos operacionais, refletindo a necessidade de equacionar os custos de mercado.
Com a sinalização técnica de custos mais elevados, os preços tendem a subir ainda mais rapidamente. Embora a bandeira tarifária tenha se mantido verde desde 2022, as novas negociações no mercado livre começaram a incluir esses ajustes para garantir a sustentabilidade das operações.
A partir de julho, a justificativa técnica adicional para o aumento dos custos energéticos traz um impacto direto nas negociações entre comercializadoras e clientes. Empresas já no Mercado Livre ou em processo de transição devem estar atentas ao fechamento de contratos, considerando essa nova realidade de custos.
Consumidores de média e alta tensão com demanda contratada inferior a 500 kW foram autorizados a migrar para o mercado livre de energia desde o início do ano. Até o ano passado, o consumo mínimo exigido era de 500 kW, facilitando a transição para novos consumidores que buscam os benefícios desse mercado.
