Como a energia elétrica afeta a competitividade da indústria brasileira
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Em um mundo cada vez mais globalizado, essas mudanças interferem diretamente nos custos das fábricas, prejudicando sua capacidade de concorrer em escala global
A energia elétrica é um recurso essencial para as indústrias, pois mantém as linhas de produção ativas. Ao mesmo tempo, é uma das maiores despesas industriais – estima-se que, em setores específicos, possa chegar a 40% do custo total, caso das siderúrgicas. Esses valores, por óbvio, integram a composição dos preços dos produtos e, por esse motivo, quando há variação positiva acabam impactando no valor repassado ao consumidor.
Há alguns meses, o então diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, considerou “preocupante” o patamar da energia elétrica atingido, chegando próximo ao “limite da capacidade de pagamento do consumidor” – ele deixou o cargo em agosto. Se afeta o consumidor, imagine para uma empresa que depende essencialmente desse insumo.
O especialista em infraestrutura e gerente dos Conselhos Temáticos e Setoriais da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, ilustra o impacto do último aumento de energia no estado – anunciado em junho – para as indústrias. “O aumento de 17,5% nos custos de indústrias impacta em um aumento geral de 1,7% nos custos. Se pensarmos em um negócio com margem de lucro entre 3% a 5%, por exemplo, metade da margem desaparece. A empresa é obrigada a repassar esse aumento para os preços, perdendo competitividade e gerando inflação”, esclarece.
De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o Brasil tem a sexta energia mais cara do mundo, atrás apenas de Índia, Itália, Singapura e República Tcheca. Em um mundo cada vez mais globalizado, esses dados tornam muito mais complexa a competição das fábricas brasileiras fora do país, o que poderia ser uma saída para não depender apenas do mercado interno.
Veja 4 motivos para esse custo elevado:
- Carga tributária
Estima-se que os impostos que incidem sobre a energia elétrica cheguem a 30% de seu valor total, sendo o principal deles o ICMS, um tributo estadual.
- Subsídios e encargos
Em torno de 20% da tarifa está relacionado a bancar subsídios e outros encargos, como o risco GSF e a Receita Anual de Geração das usinas. Um dos questionamentos feitos por setores é que esse valor seja embutido na tarifa e não bancado pelo governo.
- As outorgas
Empresas interessadas em participar de licitações de linhas de transmissão ou usinas precisam pagar uma taxa de outorga, pagas pelas empresas e recebida pelo governo federal. Esse valor, contudo, acaba sendo embutido nas tarifas e não é aplicado para custear a conta de luz.
- Lentidão para autorização de usinas
Os processos para a liberação de novas usinas, especialmente as hidrelétricas, são lentos e muitas das últimas são feitas pelo chamado “fio d’água” – ou seja, sem formarem reservatórios. Com isso, elas geram menos energia elétrica do que poderiam, embora afetem menos o meio ambiente. Com isso, obriga-se o uso das termelétricas, que são mais caras, e oneram os consumidores. Da mesma forma, outros modais de energia – solar e eólico – ainda não estão totalmente adaptados ao sistema devido a sua característica intermitente.
Trabalha em uma indústria e busca meios de reduzir o impacto da energia elétrica? Agende um horário com a Solfus e tire as suas dúvidas.