Demanda regional de energia elétrica no Brasil: Nordeste sai de importador para exportador
Por outro lado, a região Sul, que era uma das principais produtoras do país, se tornou deficitária no período, de acordo com relatório do MME sobre a demanda regional de energia elétrica
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Um documento elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) mostrou como a dinâmica da geração e demanda regional de energia no Brasil se transformou entre o ano 2000 e o de 2020 em relação a sua capacidade instalada. O relatório “Oferta e demanda regional de energia elétrica 2000 – 2020” visa analisar a evolução do consumo de forma setorial e total por região, bem como o intercâmbio e as condições econômicas.
Com essa avaliação, o MME é capaz de perceber o andamento do consumo de energia e a dinâmica de transmissão que ocorre dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN), que deve receber investimentos na ordem de R$ 23,9 bilhões até 2026. Para garantir o sucesso dessa dinâmica, houve expansão das linhas de transmissão, que mais do que dobraram de extensão: saíram de 71,1 mil quilômetros em 2000 para 162,1 mil quilômetros em 2020.
Com esse aumento, o sistema é capaz de transmitir e transferir energia de um ponto a outro do país, o que auxiliou a enfrentar a situação de escassez hídrica que ainda estamos vivendo sem chegar aos apagões, como os registrados no início dos anos 2000. O cenário, porém, alterou uma dinâmica que era comum no país: as regiões Nordeste e Centro-Oeste, tradicionais importadoras de energia, se tornaram exportadoras.
Uma das causas é a expansão das energias eólica e solar, conforme o relatório sobre a demanda regional de energia. “No presente século houve forte expansão de eólica, solar e bioenergia, aproveitando as potencialidades regionais, e proporcionando maior equilíbrio com a expansão hidráulica, dominante no século passado”, diz.
Com essa mudança, o Sul, região que anteriormente garantia o abastecimento no país, passou a depender da importação.
O que houve com cada região?
Em uma observação global, o relatório chega a uma conclusão: “A entrada em operação das usinas hidrelétricas de Belo Monte, Jirau, Santo Antônio e Teles Pires na região Norte, no período em análise, aumentou ainda mais o seu superávit em energia elétrica. Já na região Sul, o baixo regime de chuvas dos últimos anos prejudicou sobremaneira a geração hidráulica, alterando o perfil de região exportadora para ligeiramente importadora”.
Região | 2000 | 2020 |
Nordeste | -21% | 12% |
Centro-Oeste | -34% | 54% |
Norte | 78% | 143% |
Sul | 52% | -2% |
Sudeste | -32% | -42% |
Brasil | -11% | -4% |
Quando se olha a tabela acima, é facilmente perceptível a mudança de deficitário das regiões Nordeste e Centro-Oeste. Por outro lado, o Sul, que tinha um superávit entre geração e demanda nos anos 2000, ficou no negativo em 2020, enquanto o Sudeste apenas ampliou a sua já grande defasagem dentro da demanda regional de energia.
O resultado é um reflexo direto da distribuição econômica – e consequente nível de consumo. Os principais polos econômicos e industriais estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste, fazendo com que o Brasil ainda esteja no negativo na relação entre geração e demanda. Apesar disso, o déficit atual é menor do que o 2000, o que indica um aumento da geração e mais capacidade de remanejar a energia dentro dos sistemas do país.
“No Brasil, o déficit vem recuando tanto pelo período de seca que diminuiu o volume importado da parte Paraguaia de Itaipu como pela disponibilidade de contrato que a cada ano perde representatividade para o mercado Nacional”, explica o relatório.
Um ponto importante para o país é o fato de a expansão das eólicas e solares diminuir a dependência de matrizes baseadas em petróleo, estando conectadas a uma transição para fontes sustentáveis.
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