Desafios do Brasil para o setor elétrico: diversificação das fontes de energia
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O país não pode ficar mais à mercê da quantidade de chuva necessária chegar aos locais certos ao longo do ano; é preciso investir em outras fontes
Os últimos apagões e bandeiras vermelhas já deram um sinal claro para o Brasil: é preciso diminuir a dependência das hidrelétricas. Trata-se de um modelo sustentável, especialmente em comparação com outros modais (termelétricas, por exemplo), mas que depende de um apoio ideal de São Pedro: há a necessidade de chover – e o pior: nos locais certos.
O Ministério de Minas e Energia (MME) não esconde a necessidade de diversificação das fontes de energia. O Ministério projeta o investimento de R$ 450 bilhões no setor para suprir as demandas do país até 2029. Junto a isso, existe a expectativa de que investidores estrangeiros passem a despejar recursos no país, especialmente se o governo brasileiro oferecer a segurança – sobretudo jurídica – para tal.
Em artigo, o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso Ferreira, cita a necessidade de reduzir a dependência das grandes hidrelétricas para dar segurança ao abastecimento. “Adicionalmente, os altos custos dos impostos e dos encargos setoriais representam cerca de 47% do total – quase a metade da conta de energia. Outro problema é o risco hidrológico (GSF), um passivo bilionário, com liminares na Justiça, que já soma quase R$ 7 bilhões”, afirma Ferreira. Entenda mais sobre o risco GSF neste artigo.
De acordo com Ferreira, são necessárias mudanças regulatórias para o aumento das térmicas na base, contribuindo para a diversificação das fontes de energia. Dessa forma, há “redução dos riscos dos empreendimentos e integração dos planejamentos elétrico e de gás natural. A tendência de térmicas na base, mais do que associada a questões estruturais, se apoia na perspectiva de maior disponibilidade de gás natural doméstico”, diz.
Térmicas e renováveis
Há um consenso de que as energias renováveis podem assumir um importante papel dentro das fontes energéticas brasileiras. Entretanto, tanto o modal solar quanto o eólico são intermitentes – ou seja, não geram energia indiscriminadamente. É impossível um gerador produzir energia sem sol, assim como as mudanças dos ventos também interferem nesse processo.
Por isso, o sistema precisa ser adequado para suprir a intermitência – seja com armazenamento da energia produzida para uso posterior ou com outras fontes. Não à toa, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está investindo em um aplicativo para prever a geração de energia solar e eólica.
Recentemente, a concessionária Norte Energia demonstrou interesse em construir usinas térmicas na região de Belo Monte. A ideia é conseguir aumentar a geração de energia nos momentos de estiagem do Rio Xingu – a hidrelétrica não construiu reservatório e, no período de seca, fica ociosa. A Petrobras também demonstrou interesse em apostar no modal a partir dos gases oriundos do pré-sal.
É possível ampliar a geração de energia de fontes renováveis e do modal termelétrico, mantendo a matriz energética sustentável, porém com a segurança energética necessária para suportar o crescimento econômico do país.