17/04/2024

Exportação de energia rendeu R$ 886 milhões ao país em 2023

Exportação de energia rendeu R$ 886 milhões ao país em 2023

Modalidade permite ao Brasil enviar energia proveniente da abertura dos vertedouros para Argentina e Uruguai; somente no primeiro quadrimestre deste ano, os negócios foram de R$ 500 milhões

Em 2023, o Brasil exportou 843 megawatts (MW) médios de energia elétrica para a Argentina e Uruguai. Este é o maior volume de toda a história do país, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Ao todo, esses negócios renderam R$ 886 milhões ao país.

O que isso significa ao setor? Na prática, essa entrada de recursos é destinada a diminuir os custos de produção das hidrelétricas do país. Dessa forma, esses valores são abatidos da tarifa paga pelos consumidores, sobretudo aqueles que ainda negociam pelo mercado cativo.

As projeções para 2023 em relação à exportação de energia já eram positivas. Somente entre janeiro e abril deste ano, as vendas realizadas para Agentina e Uruguais geraram aproximadamente R$ 500 milhões de receitas extraordinárias para o setor elétrico, segundo a CCEE. Entre janeiro e março, o valor obtido foi de R$ 342 milhões com 3.490 MW médios.

A exportação de energia para Argentina e Uruguai é feita a partir do excedente gerado pelo vertimento de reservatórios de usinas hidrelétricas. O propósito é aproveitar o alto volume de água e evitar o desperdício, já que é possível obter recursos com essa nova modalidade.

Ao site da CCEE, o presidente do Conselho de Administração da entidade afirmou:

“A demanda dos mercados argentino e uruguaio combinou com um cenário bastante positivo para o Brasil, com reservatórios que se recuperaram no período úmido. Conseguimos otimizar o uso da água, convertendo um recurso hídrico que passaria pelo vertedouro das usinas sem gerar nada em vantagens para a sociedade”, disse.

Desfrutando do bom momento

Vale ressaltar que a exportação de energia foi possível em função do bom momento dos reservatórios do país, que estavam com os “melhores níveis da última década”, conforme explicamos neste artigo do blog. Além disso, a parceria entre Brasil, Argentina e Uruguai nas questões relacionadas à energia é recorrente.

Em 2021, durante a crise enfrentada pelo Brasil em função do baixo nível dos reservatórios, o país importou energia dos vizinhos. No entanto, esta é a primeira vez que o Brasil exporta energia para a Argentina e Uruguai. Ou seja, já existe uma infraestrutura que permite este tipo de transferência.

No entanto, é muito provável que esta modalidade não renda grandes frutos daqui para frente em função do fim do período chuvoso. Com isso, a prioridade do governo brasileiro é dar tranquilidade ao setor energético, mantendo os reservatórios em níveis elevados, o que evita o acionamento de bandeiras tarifárias de cor amarela ou vermelha.

Este cenário de exportação, porém, não deve ocorrer em 2024. Um dos motivos para isso é o fato de o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) demonstrar que os recursos hídricos do país estão “abaixo da média histórica” no primeiro trimeste do ano.

Impacto positivo para o consumidor

Toda a negociação para a exportação de energia conta com a intermediação da CCEE.

A Argentina e o Uruguai informam qual a quantidade desejada de compra e a instituição define este valor de venda. Se houver acerto, o envio de energia ocorre a partir do próximo dia, garantindo uma receita extraordinária para o segmento.

A venda e o envio de energia para outros países têm um impacto positivo para o consumidor.

O propósito é que os recursos arrecadados sejam destinados ao pagamento de encargos que incidem sobre o consumidor, como, por exemplo, os de Uso do Sistema de Transmissão (EUST). Com isso, há uma redução de custos energéticos dentro do Brasil.

Parte dos valores arrecadados dentro do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) se destina aos consumidores regulados brasileiros. O MRE é uma espécie de rateio entre as hidrelétricas, que foi criado para diminuir o risco de geração, compartilhando os ônus e os bônus.

Outro ponto importante é o fato de que, além de beneficiar o consumidor, a exportação de energia também é positiva sob a perspectiva de relações exteriores, visto que influencia diretamente na segurança energética dos países vizinhos.

Confira outras notícias sobre o setor energético no blog da Solfus.

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