Hidrogênio verde em 10 anos: o que se projeta para ele?

Projetos protocolados devem superar 1 GW de capacidade, exigindo grandes adaptações da rede de transmissão, evoluindo de forma diferente do que houve com as iniciativas de energia renovável
(Imagem: Freepik)
Uma das projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para a próxima década está relacionada a projetos de baixo carbono, o que inclui o hidrogênio verde. Nós apresentamos alguns dados a respeito do Plano Decenal neste artigo, incluindo análises sociais e econômicas adotadas para embasar aspectos como a expansão da rede energética e investimentos, que podem chegar a R$ 3,2 trilhões.
Em relação ao hidrogênio verde em 10 anos, a EPE entende que o país “tem sido identificado como um mercado promissor para a produção de hidrogênio, destacando-se a via da eletrólise”. Atualmente, cerca de 70% dos projetos que adotam esse biocombustível promissor tem sido por meio dessa via, um processo químico que separa a molécula de água.
A expectativa da EPE é que os novos projetos de Hidrogênio Verde em 10 anos devem superar o 1 GW de capacidade por volta de 2030. Projetos “na escala dos GW representando mais de 75% da capacidade global anunciada para 2030”. Isso, na prática, gera um grande efeito para o planejamento da rede de transmissão, exigindo adaptações específicas.
E, no caso dos projetos de hidrogênio verde em 10 anos, as perspectivas mostram grandes iniciativas, seguindo uma tendência mundial do setor de aportes de recursos representativos. No primeiro semestre de 2024, o Ministério de Minas e Energia recebeu 9 protocolos de projetos que, juntos, somariam uma potência instalada de 35,9 GW até 2038.
O mundo tem um longo caminho até a energia limpa, conforme explicamos neste artigo.
Uma perspectiva diferente da geração renovável
Ao contrário do que acontece em projetos de geração distribuída ou mesmo de geração renovável, que acabam se integrando de forma dispersa à rede, as iniciativas de hidrogênio verde em 10 anos devem ter uma alta potência instalada individual – superando até mesmo o 1 GW. Nesse contexto, a EPE explica que estas iniciativas vão exigir adaptações da rede.
“Os elevados montantes de carga associados a esses projetos trazem um desafio para o planejamento da transmissão, pois caso sejam confirmados, demandarão expressivos investimentos em reforços e ampliações da rede, planejados sob medida para o atendimento dessas plantas industriais nessas áreas específicas da malha de transmissão”.
Planejamento de longo prazo
No Brasil, o processo de implantação de novos ativos de transmissão – do planejamento à operação – leva em média 7 anos. Neste caso, o período está relacionado diretamente a tecnologias já conhecidas e com o devido suporte técnico.
Em projetos de hidrogênio verde, é provável que este prazo seja ainda mais alargado, visto que se trata de um novo tipo de tecnologia, que requer adaptações específicas da rede, além de aspectos burocráticos e regulatórios a serem resolvidos. Algumas dessas questões já foram atacadas no Marco Legal do Hidrogênio e podem ser lidas neste artigo.
No entanto, a adaptação das redes é uma das premissas básicas que precisa ser solucionada para que os investidores aportem os seus recursos em projetos que apresentem uma viabilidade técnica.
Na prática, é preciso planejar um cronograma que alinhe a evolução da rede ao lançamento de novos empreendimentos. “O planejamento deve avaliar quais obras devem ser recomendadas e em que momento deverão ser licitadas com uma visão de longo prazo que possibilite comportar as ampliações subsequentes”, diz.
É este cuidado que vai reduzir as incertezas e propiciar a expansão do hidrogênio verde em 10 anos no país de forma estratégica e inteligente. E a inteligência artificial tende a ser uma excelente aliada, pensando em cidades inteligentes e uma ampliação adequada da infraestrutura energética.
É possível checar outras informações sobre o Plano Decenal aqui.
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