Melhora das chuvas antecipa fim da bandeira vermelha
Estima-se uma redução de cerca de 20% do custo da energia elétrica, mas valores são pressionados pelo CDE e pela situação econômica do país, especialmente a inflação
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O governo brasileiro antecipou o fim da bandeira vermelha para meados de abril: a previsão inicial era que valeria até o fim de 2022. Uma das razões para essa tomada de decisão está diretamente relacionada ao nível dos reservatórios: após um aumento no volume de chuvas, as hidrelétricas puderam ser acionadas novamente, o que interfere diretamente no custo da geração – e consequentemente no valor repassado ao consumidor.
De acordo com o boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro referente a fevereiro, último disponibilizado pelo Ministério de Minas e Energia, foram verificados os seguintes índices de Energia Natural Afluente (ENA) armazenável: 97% no Sudeste/Centro-Oeste, 35% no Sul, 126% no Nordeste e 148% no subsistema Norte. A ENA Armazenável considera as vazões naturais descontadas das vazões vertidas nos reservatórios.
“Em fevereiro, foi observada a continuidade das chuvas no Brasil, contribuindo para o aumento das afluências verificadas, com o registro de valores acima da média histórica nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Norte. Como resultado, foi possível dar continuidade ao reenchimento dos reservatórios de relevantes usinas hidrelétricas, contribuindo para o aumento do armazenamento equivalente de todos os subsistemas, em comparação ao final de janeiro de 2022, com exceção da região Sul”, diz o boletim.
Vale lembrar que, no ano passado, o país chegou a uma situação preocupante de seus reservatórios, que chegou a ser comparada a 2001, quando ocorreu a “crise do apagão”. Na época, os apagões tinham redução da iluminação pública, além de proibições de atividades esportivas, shows, festas e exposições. No entanto, houve manutenção do abastecimento para as áreas essenciais, como hospitais e delegacias.
Redução do preço real?
A tarifa de energia elétrica deve ter redução de 20% com o aumento das chuvas, com a bandeira vermelha chegando ao fim e recebendo a coloração verde para os consumidores residenciais, conforme a expectativa do governo. No entanto, há outros fatores que pressionam os custos, como a inflação e a própria Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
“A bandeira vermelha significa escassez hídrica e índices baixos de água nos reservatórios. No entanto, com a manutenção das chuvas nos índices atuais, a perspectiva é que os reservatórios continuem cheios e que a bandeira verde seja mantida até o final do ano”, afirmou o governo federal em seu site.
A possibilidade de redução da tarifa de energia elétrica é algo esperado pelos consumidores há muito tempo, especialmente pelo fato de subir acima da inflação constantemente. No entanto, há outros fatores que pressionam em sentido contrário, como o CDE, que deve ter impacto médio de 3,39% na conta de luz.
O déficit a ser bancado pelo consumidor será de R$ 30,2 bilhões, valor já aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A CDE é o fundo setorial que financia diversos subsídios (baixa renda, rurais, fontes renováveis, entre outros), e é repassado aos demais consumidores. Já era conhecido que, em 2022, haveria gastos extras na tarifa de energia para cobrir os impactos da crise hídrica de 2021.
Há outros fatores econômicos que pesam também, como o aumento da inflação, que acaba sendo repassado para os consumidores, mesmo com o fim da bandeira vermelha. Recentemente, a Aneel aprovou os reajustes de 13 concessionárias em 11 estados: os valores variam de 8% a 24%. Outras 13 concessionárias devem ter novos valores discutidos até o fim de julho.
Parece haver uma luz no fim do túnel para os aumentos constantes de energia e para a segurança do setor, especialmente pela entrada das eólicas e solares, mas há um longo caminho para a redução verdadeira da energia elétrica.Fique por dentro de outras novidades do mercado de energia no blog da Solfus.