O impacto dos carros elétricos no consumo de energia do país
Projeção é de expansão de apenas 1,5% no consumo nacional com um aumento expressivo desses veículos até 2035, de acordo com a Anfavea
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O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil veículos elétricos em circulação no país em julho deste ano, de acordo com os dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Apenas no primeiro semestre de 2022, o país emplacou 20.427 veículos elétricos, um crescimento de 47% em relação ao mesmo período de 2021. Há destaque para os carros movidos a bateria, que já superaram as vendas de 2021.
Os dados brasileiros ainda são tímidos em comparação ao restante do globo. No ano passado, o segmento de veículos elétricos registrou aumento de 109% nas vendas globais na comparação com 2020. No total, 16 milhões de automóveis leves elétricos estavam em funcionamento no mundo ao fim de 2021, além de 600 mil ônibus elétricos.
Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) apontam que cerca de 80% das recargas de veículos elétricos e híbridos são feitas na residência dos proprietários. No entanto, é comum que empresas e cidades invistam nos chamados “eletropostos públicos” para incentivar o uso desse tipo de veículo em uma política pública sustentável.
Será que as dificuldades de abastecimento de energia no país são um dos motivos para que a disseminação dos carros elétricos ocorra em menor escala? A resposta é não.
O custo dos carros limita mais a sua expansão do que a energia elétrica em si, já que o valor para a aquisição está próximo de R$ 150 mil, restringindo esse bem às classes com mais capacidade financeira.
Perspectiva do impacto dos carros elétricos
Pesquisas realizadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que, em 2035, seis a cada dez veículos do país (62%) serão elétricos. Apesar do número representativo, o estudo aponta que os carros elétricos serão responsáveis por apenas 1,5% do volume nacional de energia consumido.
Portanto, a capacidade de atender a esses veículos se mostra viável. Até 2026, por exemplo, o Brasil projeta ampliar a sua capacidade de gerar energia em 11%, conforme as projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Em 2021, o país já havia registrado o maior acréscimo à matriz de energia desde 2016: 7.562 megawatts (MW) passaram a integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN), o segundo maior aumento da série histórica que data de 1997.
Melhoria da gestão
Dentro dessa lógica, dificilmente a transição para os veículos elétricos seria atrapalhada pelo seu impacto no sistema energético nacional. Aliás, um dos desafios do Brasil para garantir uma tranquilidade em relação ao abastecimento desses veículos passa necessariamente por melhorar a gestão de energia, reduzindo as chamadas perdas comerciais e incrementando a tecnologia para o monitoramento.
Não à toa, há muitas iniciativas ocorrendo simultaneamente, inclusive tentativas de dificultar o desvio de energia por parte das distribuidoras. Entre 2015 e 2020, o índice das perdas comerciais subiu de 13,9% para 16,3%. Esse desperdício representa a quantidade de energia necessária para abastecer o Paraná (e seus mais de 11 milhões de habitantes) por um ano.
Vale ressaltar que as perdas comerciais também incluem os furtos de energia elétrica. Além de gerarem questões importantes quanto ao abastecimento, esses problemas também encarecem o custo da energia no Brasil em até 5%, conforme demonstramos neste artigo do blog.
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