25/09/2023

O que são sistemas isolados?

O que são sistemas isolados?

Existem pouco mais de 200 locais do Brasil que não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), incluindo uma capital: conheça os desafios no atendimento destas localidades

Os sistemas isolados, como seu próprio nome já diz, são plataformas de geração e transmissão de energia elétrica que não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional. Atualmente, o SIN é composto de quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da Região Norte. No total, são pouco mais de 200 localidades isoladas no Brasil, a maioria no Norte do país.

Os sistemas isolados são encontrados em áreas remotas ou de difícil acesso, onde a construção de linhas de transmissão de longa distância é considerada inviável por motivos econômicos ou técnicos. Não se pode ignorar, é claro, as questões de sustentabilidade, especialmente em regiões com particularidades.

A existência de atendimento energético em áreas afetadas é fundamental para garantir a operação de empresas e indústrias, contribuindo para o desenvolvimento econômico e as comunidades.

Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que, em 2024, esses sistemas isolados devem consumir quase 3,7 milhões de MWh. Ao contrário do que se imagina, não são apenas cidades pequenas ou comunidades atendidas dentro deste padrão.

“Há desde pequenas comunidades, com população de cerca de 100 habitantes como é o caso de Carvoeiro (AM) e Pedras Negras (RO), até cidades maiores, como Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista (RR), sendo esta a única capital ainda não conectada ao SIN, com população superior a 89 mil e 436 mil habitantes respectivamente”, diz a  EPE.

Como é o abastecimento?

Os Sistemas Isolados são operados de forma independente do SIN, com suas próprias regras e regulamentos. Eles geralmente são administrados por empresas de distribuição de energia elétrica, que também são responsáveis pela construção e manutenção das linhas de transmissão e subestações. De acordo com a EPE, os Sistemas Isolados ainda dependem do abastecimento de óleo diesel em sua maioria.

“O suprimento de energia elétrica depende da logística de fornecimento desse combustível, podendo sofrer interrupções em épocas de estiagem, e exigindo que as usinas de certas localidades disponham de tanques de armazenamento de grande porte para estocagem de combustível”, explica.

Não é à toa que essas regiões estão mais suscetíveis a falhas no fornecimento de energia. Ao contrário do SIN, que pode remanejar a geração de energia de acordo com a demanda, não existe esse tipo de possibilidade nos sistemas isolados.

Um desses problemas em relação à falta de conexão com o SIN foi o apagão do Amapá, que ocorreu em 2020 e deixou 13 das 16 cidades do estado sem energia por até 20 dias.

O fornecimento energético costuma ocorrer de três formas:

– Aquisição de máquinas pela própria distribuidora, sendo ela a responsável pela operação e manutenção das usinas: apenas 3% do total.

– 10% fazem contratos de locação celebrados pelas distribuidoras com empresas especializadas.

– 87% do total fazem contratação, via leilão, de Produtor Independente de Energia (PIE).

Os principais desafios dos sistemas isolados

Em 2022, os Sistemas Isolados representaram:

– 212 localidades atendidas por 8 distribuidoras.

– 37 localidades (cerca de 17,5%) com previsão de interligação ao SIN até 2027.

– População total atendida de 3,1 milhões de habitantes, com variação de 15 habitantes (Maici – RO) a 436.500 habitantes (Boa Vista – RR).

– Consumo nos Sistemas Isolados em 2023 será de cerca 0,6% da carga de energia do SIN.

Apesar de parecer um número pequeno, os sistemas isolados são uma das variáveis da Conta de Consumo de Combustíveis. Para 2023, a CCC está estimada em R$ 11,95 bilhões. Trata-se de um dos principais encargos do setor energético, atrás apenas das fontes incentivadas.

Confira estes números no nosso artigo a respeito do subsidiômetro!

Além dos custos, os sistemas isolados também estão mais sujeitos às falhas operacionais e às dificuldades de gestão. Em caso de ocorrências, elas podem ser longas por falta de alternativas.

Não é à toa, portanto, que o governo brasileiro tem adotado uma série de políticas públicas para apoiar o desenvolvimento dos sistemas isolados, visando reduzir o seu custo e, ao mesmo tempo, promover a inovação e melhorar a confiabilidade do fornecimento de energia.

Discute-se a possibilidade de ampliação da geração de energia solar e eólica nestes locais em função dos seus aspectos, conforme este documento da EPE.Fique por dentro de outras notícias e dos termos mais relevantes do mercado de energia no blog da Solfus!

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