3/08/2020

ONS planeja inovação para o setor elétrico

Crédito: Miguel Angelo/CNI

Hackaton visa desenvolver soluções voltadas para uma maior segurança e precisão do Sistema Interligado Nacional, especialmente com o aumento das fontes intermitentes na matriz

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) está em busca de empresas e profissionais que tenham soluções inovadoras em tecnologia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). O ONS deve organizar um Hackaton, no qual vai receber sugestões de ideia e de implementações que possam otimizar o funcionamento do SIN.

Os hackatons se difundiram no mercado por reunirem diversos tipos de profissionais (como desenvolvedores, designers, programadores e especialistas no segmento) em um período muito curto para criarem e desenvolverem soluções em prol de um problema específico. No caso do ONS, trata-se de garantir mais segurança e precisão do SIN.

Nem sempre as ideias podem ser implementadas ou totalmente desenvolvidas em 24 horas ou em um fim de semana – prazos tradicionais desse tipo de evento. Mas o fato de as organizações se abrirem para profissionais e estudiosos com diferentes experiências e conhecimentos faz com que o ambiente se torne mais propício para a inovação ou para encontrar novas soluções com as tecnologias já existentes.

Quando a capacidade da carga nacional de energia for o dobro da verificada em 2017 (65.585 MW médios para 131.170 MW médios), o ONS estima que 30 GW serão de geração distribuída, 70 GW em eólicas, 29 GW em solar, com as hídricas caindo de 60 para 38% — o ONS diz que a capacidade atual suporta a demanda até 2024.

A intermitência das novas fontes exige maior capacidade para suportar a demanda. “A penetração das renováveis vai mudar completamente, e os custos dos submercados serão diferentes por essas características. É uma mudança de paradigma muito grande, um aumento da complexidade. No entanto, a gente entende que esse sistema é gerenciável e a tecnologia vai prestar um papel fundamental para a operação do sistema”, ressalta o diretor de TI do ONS, Marcelo Prais, em entrevista ao Canal Energia.

A capacidade de diversificar os modais energéticos é apontada como um dos desafios do setor para o futuro.

Inovação para o setor elétrico

A pandemia atrapalhou os planos do ONS em relação ao calendário, mas o projeto vai sair do papel, visando a construção de “núcleos de conhecimento nicho” e uma rede de inteligência capaz de contribuir para a inovação tecnológica do setor elétrico.

“A tecnologia deixa de ser um suporte e passa a ser protagonista das transformações do setor elétrico”, afirmou Prais. Para ele, o ONS cada vez mais será um hub de informações para os agentes. “Saímos de um paradigma de automatizar as atividades para um outro cenário onde você cria um repositório de consumo de informações e oferece as ferramentas de análise”, ressalta.

Em junho, o Operador passou a atualizar o Plano Diretor de Desenvolvimento Tecnológico (PDDT). O propósito é incluir as novas tendências tecnológicas para direcionar os projetos de inovação, visando se antecipar às necessidades do mercado. A estimativa do ONS é concluir a revisão até o fim do ano. No PDDT, são incluídos projetos de tecnologia de curto, médio e longo prazos, sinalizando ações que devem ser priorizadas pelo órgão.

A revisão acontecerá em três fases. Na primeira, já iniciada, estão sendo promovidos debates em torno de sete temas principais: (1) Dados, Informações e Comunicações; (2) Mudanças Climáticas; (3) Expansão de Renováveis Centralizadas; (4) Transmissão em Corrente Contínua; (5) Implicações para o SEB dos 3D’s (Descarbonizado, Digitalizado e Distribuído); (6) Mercado e Comercialização de Energia; (7) Operação em Tempo Real.“Esse plano foi determinante para direcionarmos corretamente a alocação de recursos humanos e financeiros do ONS ao longo dos últimos anos, no que se refere à prospecção tecnológica e formação de parcerias com Agentes do Setor. Queremos continuar com esse projeto, atualizando os cenários e ajustando as ações para as nossas necessidades atuais”, explicou o gerente executivo de Estratégia e Inovação do ONS, Fábio Reis Cortes, ao site do ONS.

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