31/03/2023

Players brasileiros podem participar de primeiro leilão global de hidrogênio verde

Players brasileiros podem participar de primeiro leilão global de hidrogênio verde

Será a primeira iniciativa voltada à comercialização de H2V, que deve movimentar 900 milhões de euros em contratos com até dez anos de duração para fornecedores de fora da União Europeia

(Imagem: Pexels)

Em 2023, a Alemanha realizará o primeiro leilão global de hidrogênio verde (H2V). O propósito do certame é negociar produtos derivados de produção do gás hidrogênio, caso da amônia verde, metanol verde e combustível de aviação sustentável (e-SAF). A expectativa é que a primeira entrega de produtos desta concorrência ocorra até o fim de 2024.

O leilão global conta com a participação e a chancela da Fundação H2 Global, uma instituição reconhecida pela proteção ao meio ambiente e o incentivo às práticas para promoção da ciência e das pesquisas relacionadas ao tema.

De acordo com o ministério de relações econômicas e ações climáticas da Alemanha, já há uma aprovação de 900 milhões de euros para projetos relacionados ao hidrogênio verde em um período de dez anos. Não sabe o que é este combustível? Explicamos mais sobre ele neste artigo do blog.

Em seu site, a instituição escreve que “a ideia é comprar hidrogênio verde mais barato no mercado mundial e vendê-lo dentro da União Europeia. Isso vai suportar a evolução do mercado de hidrogênio verde, dando segurança aos exportadores em contratos de longa duração e oferecendo aos importadores acesso aos produtos”, explica.

Embora seja a primeira ação deste tipo, já há a expectativa de organizar novas iniciativas de leilão global até 2036, com uma expectativa de projetos que superem os 3,5 bilhões de euros neste período.

Brasileiros podem participar do leilão global

Por se tratar de um leilão global, há abertura para a participação de empresas brasileiras. Nesse sentido, a CCEE divulgou uma carta aberta aos potenciais interessados em participar do certame.

Em seu site, a CCEE explicou que vai atuar como “apoiadora estratégica” das empresas interessadas, além de ser uma certificadora no caso de organizações do país serem vencedoras. Há todo um conjunto de documentos que devem ser apresentados para se qualificar e participar.

Entre os critérios adotados para selecionar os vendedores, encontram-se os aspectos de sustentabilidade para a produção do H2V, as evidências de redução de Gases do Efeito Estufa (GEEs) e a certificação dos produtos desenvolvidos.

A CCEE certifica as operações de seus participantes a partir de “detalhes acerca do processo de geração de todos os agentes e, neste caso, também dos possíveis operadores do H2V no país”.

Como serão os contratos?

Na prática, o modelo de concorrência é um tipo de leilão duplo.

De um lado, há a compra dos produtos desejados (amônia verde, metanol verde e e-SAF) em contratos de longo prazo (até dez anos) para os fornecedores externos ao mercado europeu e limitados a 300 milhões de euros por contrato.

Do outro lado, serão realizados contratos de venda de curto prazo no mercado europeu. Estas duas negociações serão realizadas dentro do certame, sendo que o ajuste de eventuais diferenças será coberto pelo fundo global da H2 Global.

Em um artigo sobre o tema, o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro trata do “dilema” entre a busca por ganho de escala e a redução de custos em novas cadeias produtivas, como é o caso do H2V.

“A iniciativa H2 Global busca romper esta circularidade, promovendo uma aceleração na expansão do mercado do H2V. A equalização proposta deve, porém, ser entendida como um mecanismo transitório para dar impulso à indústria e desenvolver produtos comerciais envolvendo todo o ciclo do H2V, desde a produção até o consumo”, afirma.

As principais exigências

Para que as organizações brasileiras se habilitem e sejam aprovadas, há uma série de regras a serem respeitadas. Na avaliação do Gesel, este conjunto de critérios “muito provavelmente irão balizar a nascente indústria do H2V”.

Alguns dos pontos de destaque são:

– Origem da Eletricidade – Obrigatoriamente precisa ser proveniente de fontes renováveis (hidráulica, eólica e solar).

– Princípio da adicionalidade – A fonte deve ter entrado em operação nos últimos três anos. O foco é evitar que o hidrogênio verde diminua a oferta de energia renovável a outros usuários do sistema elétrico.

– Correlação temporal – O balanço de controle pode ser mensal até 2026 e, a partir disso, terá uma correlação horária. É semelhante ao PLD Horário, que abordamos neste artigo.

– Fornecimento – O fornecimento poderá ser offgrid, conectado à rede via Contrato de Compra de Energia (PPA, na sigla em inglês) ou sem PPA, atuante no mercado livre de energia ou tendo conexão direta entre a unidade de eletrólise e o parque gerador.

Resta saber se há players no Brasil capazes de concorrer neste leilão global.

Espera-se a participação de players de Chile, Marrocos, Austrália, Canadá e Brasil, entre outros países. Como busca-se o menor valor, o Brasil já conta com o custo logístico de transporte até os portos indicados, que podem estar na Bélgica, Holanda ou Alemanha.

Fique por dentro de outras notícias do setor de energia no blog da Solfus.

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