25/03/2020

Reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste ganham fôlego com chuvas de verão

Crédito: Divulgação/SIMA

Aneel já confirmou bandeiras verdes (sem custos adicionais) em fevereiro e março, o que deve se seguir em abril, mas aumento da cotação do dólar se torna uma preocupação

Uma soma de chuvas acima da média em locais estratégicos aliada à baixa do consumo de energia elétrica nos meses de janeiro e fevereiro fez com que as projeções indicassem a melhora dos reservatórios de água e uma tendência de bandeiras tarifárias verdes para os próximos meses. As expectativas são de que, ao fim de abril, os reservatórios estejam em seu maior patamar – especialmente após a crise de 2015, quando operaram em seu menor nível.

Há estimativas de que, em março, as precipitações no Sudeste, onde estão os maiores reservatórios, poderiam superar 110% da média histórica para o mês, contra 74% em janeiro e 102% em fevereiro. Da mesma forma, o consumo de energia no país em janeiro e fevereiro mostrou declínio em comparação ao ano anterior: em janeiro, houve queda de 4% e, em fevereiro, a redução foi de 2%, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

No meio de março, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os subsistemas Sudeste e Centro-Oeste estavam com cerca de 47% de sua capacidade atual. Furnas, por exemplo, estava com volume de 54%. O mesmo não se diz do subsistema Sul, que estava com 18% de seu volume útil. Além do consumo menor e das chuvas, o aumento da geração eólica no Nordeste e a operação da usina de Belo Monte reduzem a sobrecarga no sistema hidrelétrico e a necessidade de uso dos reservatórios.

No entanto, estima-se que, com as chuvas na região Sudeste, os consumidores não seriam onerados nos próximos meses pelas bandeiras tarifárias. O início negativo do período de chuvas havia levado a Aneel a definir a bandeira tarifária como vermelha em novembro e amarela em dezembro e janeiro. Em fevereiro, com previsões mais otimistas, o mecanismo ficou no patamar verde, sem custos extras.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu em dezembro e janeiro de 2020 a bandeira amarela – no início do verão, as chuvas não foram tão fortes e nem caíram em pontos estratégicos, que auxiliam os reservatórios. No entanto, em fevereiro e março, o sistema segue com a bandeira verde. Pelas projeções da entidade, em abril o sistema deve se manter sem os custos adicionais.

Risco dólar

Embora os patamares dos reservatórios tragam notícias boas para os consumidores, a elevação do dólar pode impedir um alívio maior da tarifa de energia e um fôlego para o sistema. Com a moeda americana negociada em patamares acima de R$ 4,50 e, com a crise do Covid-19, acima dos R$ 5, o setor elétrico enfrenta outro problema, especialmente com impactos para os consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O motivo para isso é o fato de essas três regiões serem abastecidas pela Usina de Itaipu, cuja produção de energia é cotada em dólares. Ou seja, quanto maior o valor da moeda americana, maior será o impacto no sistema e, por consequência, para o consumidor.

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