23/01/2023

São Paulo investe em termelétrica que funciona à base de resíduos

São Paulo investe em termelétrica que funciona à base de resíduos

Planta será instalada em Palmital, no interior do estado, usando os resíduos urbanos como insumo para gerar energia elétrica para aproximadamente 30 mil residências

(Imagem: Pixabay)

No fim de dezembro de 2022, o governo do estado de São Paulo anunciou a construção de uma usina termelétrica movida por resíduos. A planta terá investimento de R$ 140 milhões em Palmital – cerca de 400 kms da capital paulista. A perspectiva é que a usina fique pronta no segundo semestre de 2024.

De acordo com o projeto, a termelétrica terá capacidade de trabalhar com 300 toneladas de resíduos urbanos por dia, gerando 144 MW de energia por dia. A quantia é suficiente para abastecer cerca de 30 mil residências. O projeto vai sair do papel por meio de uma parceria público privada (PPP).

“Esse projeto traz uma ótima solução para o descarte de resíduos, beneficiando os municípios e o meio ambiente. Ele mostra que a atuação em conjunto entre o setor público e privado pode gerar vantagens para toda a sociedade”, afirmou o presidente da InvestSP ao site da instituição, Antonio Imbassahy.

Conforme demonstramos neste artigo, há uma discussão sobre a transição de matérias-primas, visando diminuir a dependência de fontes mais poluentes, como o petróleo ou as próprias termelétricas que operam a partir de gás. Entenda mais sobre o funcionamento deste tipo de usina neste artigo.

A recente crise energética por falta de água no Brasil e as vividas por outros países, como a China, aumentam a necessidade de encontrar soluções verdes para o desafio energético em prol de manter o planeta habitável. É o caso do uso de resíduos urbanos como fonte de energia, uma solução que equaciona dois problemas simultâneos.

Brasil quer se destacar nesta área

Um player importante nas discussões sobre sustentabilidade por inúmeros fatores (presença da Floresta Amazônica, produção de comida, abundância de lençóis freáticos, entre outros), o Brasil quer sair na frente nesta discussão de transição energética.

Não à toa, o Ministério de Minas e Energia do novo governo determinou a criação de uma pasta para tratar das energias renováveis, como é possível compreender neste artigo. Este tem sido um dos pontos mais abordados pelo governo que assumiu recentemente.

A posição no Brasil se dá pela quantidade de recursos que podem se destinar para o país com uma preocupação socioambiental. As políticas de ESG estão sendo buscadas por muitas empresas, que, inclusive, procuram o abastecimento via mercado livre apenas de energia de fontes renováveis.

Relatórios apontam que a quantia de recursos para projetos sustentáveis deve crescer cada vez mais e, nos últimos anos, superaram US$ 35,3 trilhões em todo o globo. 

Por óbvio, o projeto de São Paulo é uma iniciativa pequena, mas que, se tiver sucesso, pode ser reproduzida em outras localidades, usando os resíduos urbanos como fonte de energia em maior escala.

Resíduos urbanos: um recurso abundante

Em 2022, cada cidadão brasileiro produziu 381 kg de resíduos sólidos urbanos, totalizando quase 82 milhões de toneladas, de acordo com o relatório produzido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Desse total de resíduos urbanos, cerca de 76,1 milhões de toneladas foram coletadas, o que representa quase 93% do total. Mas somente 60,5% desse montante foi para uma destinação correta, como aterros sanitários ou para o processo de reciclagem.

A planta deve evitar que mais de 100 mil toneladas de resíduos se acumulem em aterros sanitários. A expectativa é que a usina beneficie quatorze municípios da região. 

No caso da termelétrica movida a resíduos urbanos, a ideia é usar uma tecnologia de origem nacional, conhecida como gaseificação por leito fluidizado.

“A usina receberá o lixo doméstico conforme ele é descartado das residências, o qual será processado em um gás combustível limpo, que pode gerar energia elétrica ou substituir combustíveis fósseis na indústria”, explica o superintendente de engenharia da Carbogas Energia – empresa que desenvolveu a tecnologia, Felipe Rinaldi.      

Estima-se que a coleta para a sua operação vai envolver 150 mil residências em municípios como Assis, Cândido Mota, Cruzália, Echaporã, Florínea, Lutécia, Ibirarema, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Santa Cruz do Rio Pardo, Oscar Bressane, Ourinhos e Tarumã.          

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