A complexa equação entre a economia e a demanda de energia
Crescimento da capacidade instalada foi o menor desde 2012, segundo dados da Aneel
(Imagem: Pexels)
Após um 2022 positivo do ponto de vista econômico ainda em uma retomada no período pós-pandemia, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) é de crescer 3,1%, conforme dados do Ipea. No mesmo período, o balanço da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontou um aumento de 1,5% no consumo de energia em relação a 2021.
Conforme demonstramos neste artigo, o presidente da CCEE, Rui Altieri, disse que o ritmo de expansão ainda é menor do que o projetado. “Voltamos a ver crescimento no mercado energético, o que é uma boa notícia, mas o ritmo ainda é menor do que o considerávamos a média histórica do setor”, disse.
Há uma correlação entre o desempenho do PIB e o consumo de energia elétrica. E a lógica é bastante simples: quanto mais aquecida a economia, maior será o uso de energia. Por isso, é importante que o setor seja constantemente analisado de modo que o planejamento seja capaz de suportar a demanda para o futuro.
Nesse sentido, o planejamento precisa contemplar ações de curto, médio e de longo prazo. Esta última é a mais complexa em razão das transformações de demanda e também das evoluções tecnológicas. O governo brasileiro trabalha com um plano para 2050, que contempla algumas diretrizes.
No entanto, é difícil de estabelecer se as apostas sobre o hidrogênio verde vão se confirmar e em que momento dos próximos quase 30 anos a tecnologia se tornará viável economicamente. O certo é que o mundo deve se focar em fontes renováveis, e o Brasil espera assumir o protagonismo desta área.
Capacidade instalada
Não à toa, um dos pontos observados sempre é em relação à segurança energética do país. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) projetam um crescimento médio anual da demanda de 3,6% até 2025.
O Brasil conta atualmente com cerca de 206,2 GW de capacidade. Em todos os anos, a capacidade instalada cresceu. Em 2013, foram 5,8 mil MW; 7,3 mil MW em 2014; 6,5 mil em 2015; 9,5 mil em 2016; 7,4 mil em 2017; 7,2 mil em 2018; e 7,3 mil em 2019.
Baseado nos relatórios de previsão de carga do ONS, o crescimento médio do PIB entre 2021 e 2025 será na ordem de 3%, inferior ao do aumento da carga, estimado em 3,6%. Pelo planejamento da ONS, há três pontos a serem considerados:
– Após 2022, espera-se que um ambiente econômico mais estável permita uma elevação da confiança dos agentes, recuperação do mercado de trabalho e expansão da demanda doméstica;
– A aceleração do crescimento mundial trará maior impulso aos setores exportadores, sobretudo de commodities;
– Maior estabilidade econômica propiciará uma retomada mais significativa dos investimentos nos próximos anos, com destaque para o setor de infraestrutura, gerando efeitos sobre a produtividade da economia.
Economia e demanda de energia
Existem outros fatores relevantes e que não podem ser desconsiderados, como a energia solar e a geração distribuída. Empresas e residências que investem nesta tecnologia diminuem a sua dependência das fontes de abastecimento tradicionais.
De 2021 para 2020, conforme os dados mais recentes do MME, houve aumento de 84% na micro e minigeração distribuída em relação a 2020.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), desde 2012, o segmento atraiu mais de R$ 121 bilhões em investimentos, contribuiu para a arrecadação de R$ 38 bilhões e gerou 720 mil empregos. Nesse período, a energia solar acrescentou 24 GW operacionais, o que corresponde a mais de 10% da capacidade atual do país.
Atualmente, a energia solar representa 11,2% da matriz elétrica brasileira, empatada com a energia eólica e atrás apenas da hidráulica. No fim de 2022, houve uma corrida para a geração distribuída em decorrência da tentativa de aproveitar um subsídio energético por mais de duas décadas no futuro. Explicamos a situação neste artigo.
“A energia solar é estratégica para acelerar a retomada econômica sustentável do Brasil, fortalecendo a competitividade e a sustentabilidade do País”, declarou a Absolar em uma publicação de seu site. “Também reduz o custo de energia elétrica da população, aumenta a competitividade das empresas e desafoga o orçamento do poder público”.
Quer entender mais sobre a economia e demanda de energia? Leia outras notícias sobre o setor energético no blog da Solfus.