Brasil teve maior geração de energia renovável em 2022
Aumento foi registrado especialmente devido ao maior uso das hidrelétricas, mas as usinas solares e eólicas não decepcionaram e seguem em expansão
(Imagem: Pexels)
Em 2022, o Brasil teve uma maior geração de energia renovável em relação ao ano de 2021, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Um dos grandes motivos para isso foi a maior oferta de água para uso nas usinas hidrelétricas, o que diminui a necessidade de acionamento das termelétricas, conforme explicamos neste artigo do blog.
Houve uma expansão de 16% na geração de energia hidráulica em 2022 em relação ao ano anterior. “O aumento da geração hidráulica é decorrente da melhora dos índices pluviométricos deste ano, que, aliado às estratégias adotadas na gestão da escassez hídrica de 2021, possibilitaram maiores níveis de armazenamento dos reservatórios e melhor gestão dos recursos hídricos”, informou o MME.
Os dados do MME indicam que 47,4% da matriz energética brasileira foi composta de fontes renováveis em 2022 contra 44,7% em 2021. Estes dados englobam todo o sistema – incluem geração distribuída, autoprodução e os sistemas isolados. Se for considerada apenas a chamada geração centralizada, a carga de energia renovável fica próxima a 90% do total.
Maior índice de energia renovável
O balanço da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) permite obter uma visão mais completa da participação das modais de energia renovável no país.
Mais de 92% da geração de energia do país teve a participação de usinas hidrelétricas, eólicas, solares e a partir de biomassa, o equivalente a 62 mil megawatts de energia média. Trata-se do maior índice obtido dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN) nos últimos dez anos.
“Este é o resultado de uma matriz energética diversificada, característica que nos coloca à frente de quase todos os outros países. Essa característica nos traz uma série de oportunidades em novos mercados, como o de créditos de carbono e de hidrogênio renovável, que vão gerar benefícios para a sociedade nos próximos anos”, avaliou Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Recentemente, o governo brasileiro investiu na criação de uma pasta para energias renováveis dentro do organograma do MME. Este é um indício de como este tema deve ter uma importância central dentro do governo brasileiro, especialmente em função das oportunidades que podem ser abertas neste cenário para o país.
Um futuro promissor
Um país que serve de referência nos quesitos ambientais e de sustentabilidade, o Brasil demonstra um futuro promissor em relação à geração de energia mais sustentáveis.
Além da boa estrutura hidrelétrica, que depende das boas condições climáticas, incluindo um bom volume de chuvas no período úmido, há uma previsão de ampliação do modal solar – 78% de ampliação no último ano – e do eólico – 13% de crescimento.
No caso da energia oriunda do sol, a chegada de 88 novas fazendas solares ao SIN contribuiu para que o segmento atingisse 4% de representatividade na matriz nacional. As eólicas foram responsáveis por entregar 9 mil megawatts médios em 2022 em um parque eólico que, hoje, soma mais de 25 mil megawatts de capacidade instalada.
Parte da explicação para o crescimento da energia solar está na mudança de legislação referente à Geração Distribuída. Isso levou a uma verdadeira corrida de muitos para garantir subsídios e a manutenção de diversas vantagens relacionadas ao seu uso. Explicamos mais sobre este tema neste artigo do blog.
Aliás, muitas empresas têm optado pelo mercado livre de energia como uma estratégia ambiental, seguindo os conceitos de ESG. Nele, é possível escolher o modal de abastecimento do seu negócio, incluindo fontes mais sustentáveis, como a solar, eólica ou hidrelétrica.
Queda das termelétricas
Como consequência, foi registrada queda da geração termelétrica superior a 50%. Este tipo de número já é esperado em função da forma de funcionamento do SIN. Estas usinas são acionadas para garantir a geração necessária quando há falta de água no sistema, especialmente por não existir intermitência (períodos sem geração e que as eólicas e solares não conseguem suprir).
Por outro lado, estas usinas são mais poluentes, visto que dependem de gás natural ou carvão mineral, o que impacta na geração de energia mais sustentável pelo país. Os bons números das hidrelétricas, porém, contribuem para suportar o aumento do consumo energético brasileiro que foi registrado em 2022.
Em um ano, houve uma ampliação de 1,5%, com uma grande representatividade do mercado livre de energia nesta balança. Setores que consomem menos energia tradicionalmente também registraram aumento, como serviços e varejo.Fique por dentro de outras notícias do setor de energia no blog da Solfus.