16/01/2024

Cinco desafios para a transição energética no Brasil

Cinco desafios para a transição energética no Brasil

Baseado em um relatório da EEIST, é preciso encarar uma série de barreiras para superar os obstáculos relacionados à transição energética no Brasil

(Imagem: Pixabay)

Quais são os principais desafios para a transição energética no Brasil? Para responder a esta pergunta, a EEIST (The Economics of Energy Innovation and System Transition) desenvolveu um relatório sobre o tema. O documento – que pode ser visualizado na íntegra – apresenta inúmeras questões específicas do país em relação a este caminho.

Uma delas diz respeito ao fato de que, ao contrário de outras nações no mundo, o maior índice de emissões de carbono do país não está na indústria, mas, sim, no uso da terra. Nesse contexto, uma das formas de operação do país para mitigar os danos está em uma política específica que impeça o corte de matas nativas e preveja a restauração de áreas degradadas.

Com a Amazônia em seu território, o Brasil é visto como um dos principais players na busca pela redução das emissões de carbono e de soluções específicas em prol de uma transição energética eficiente – considerando ainda o forte impacto das energias renováveis na matriz do país.

“Em geral, o governo vê o investimento em tecnologias limpas em todos os setores como uma oportunidade para reindustrializar a economia e adicionar valor a cadeia de exportação do Brasil”, diz o texto, mencionando o interesse em fazer este movimento de forma ágil e citando que a participação da indústria no PIB caiu de 36% em 1985 para 11% em 2021.

Neste sentido, em um momento no qual empresas e administrações públicas procuram formas de se adequar às novas exigências e demandas ambientais, o documento apresenta cinco questões específicas que precisam ser atacadas pelo Brasil.

1. Desenvolver um olhar sistêmico

Não é possível usar a mesma abordagem de descarbonização de outros países no processo de transição energética do Brasil. Depois do uso da terra, as emissões de CO2 estão relacionadas ao transporte e à indústria. É preciso entender como as mudanças nestas áreas alteram aspectos macro e microeconômicos do país e quais os impactos destas mudanças no curto, médio e longo prazo.

2. Realizar análises complexas

Em um país de dimensões continentais, é preciso investir em uma estrutura capaz de fazer análises profundas que vão desde as políticas governamentais passando pela precificação de produtos e chegando à eficiência energética.

No caso do financiamento de projetos de transição energética no Brasil, o relatório cita que há cinco principais instituições atuando neste propósito: BNDES, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e a Finep.

“Mesmo que todos tenham objetivos comuns de sustentabilidade, cada uma dessas instituições têm diferentes estratégias, condições e critérios para financiar projetos”, diz o relatório. Ou seja, apesar de haver interesse do país, falta uma visão macro de direcionamento e para fomentar projetos neste sentido.

3. Formar mão de obra especializada

Assim como em outros setores que vão se fortalecendo rapidamente, como a inteligência artificial, machine learning, entre outros, há falta de mão de obra especializada para suportar as novas demandas. No caso da transição energética no Brasil, esta capacitação precisa envolver desde os estudantes, mas chegar às altas esferas do país, incluindo os responsáveis pelas políticas públicas.

Se o país pretende se tornar um hub de tecnologia inovadora no setor de energia, é preciso analisar trabalhos e tecnologias de forma conjunta, pensando em toda a cadeia de suprimentos. Ou seja, analisar esta evolução como uma oportunidade de desenvolvimento.

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4. Compreender o impacto do transporte

Neste tópico, é preciso considerar tanto as medidas para incentivar o uso do transporte público – e sua futura eletrização – como investir em meios para reduzir a dependência do modal rodoviário na economia.

Além disso, na última década, o país enfrenta um grande êxodo no uso de transporte público, o que se intensificou no pós-pandemia. Os setores relacionados discutem como aumentar a atratividade deste negócio, seja com a implantação de metrôs, redução de preços, mudanças de seu financiamento, entre outros aspectos.

Ou seja, é improvável pensar em uma conversão da frota atual de veículos para os elétricos. Um cenário mais provável é o de redução dos veículos individuais em prol do uso do transporte público, especialmente nas grandes cidades, seguindo o exemplo do que acontece em países mais desenvolvidos.

5. Elaborar alternativas viáveis

Há diversos meios para explorar alternativas economicamente viáveis em relação à industrialização, transportes e redução do uso de terra. Entre elas, é possível pensar em medidas de adaptação e mitigação de áreas e a estimulação de reflorestamento de áreas degradadas. Esse processo, porém, precisa ser planejado.

As modificações e sugestões trazidas pelo documento dependem de um envolvimento de departamentos de ciência e uma coordenação interministerial, que envolve também estados e municípios. Ou seja, a criação de uma estrutura de suporte para uma economia de baixo carbono.

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