O que é horário de ponta e por que ele é tão importante para o consumidor?
Sistemas elétricos são mais exigidos em determinados períodos do dia e reduzir o consumo nestes momentos gera oportunidades de diminuição dos gastos energéticos, incluindo no mercado livre de energia
(Imagem: Freepik)
O Ministério de Minas e Energia (MME) está adotando medidas para aumentar a confiabilidade do fornecimento de energia no horário de ponta, conforme o Valor Econômico mostrou neste artigo. Mas de que se trata o horário de ponta e por que ele é tão importante para a segurança do abastecimento de energia em todo o país?
Antes de explicar este conceito, é importante compreender as diferentes exigências de energia que acontecem ao longo do dia. Ainda que esses horários estejam cada vez mais mesclados em função de uma nova dinâmica de trabalho, há momentos em que os sistemas elétricos são mais requisitados, registrando um aumento da demanda e do consumo simultaneamente.
É importante frisar que a demanda e o consumo, neste caso, são atributos diferentes. A demanda se refere à potência do abastecimento – que pode ser em kW (quilowatt) ou mW (megawatt) –, já o consumo está relacionado à quantidade de energia usada por uma unidade consumidora, medida em kWh ou mWh (quilowatt ou megawatt-hora).
Acompanhe o restante do artigo para entender mais sobre o horário de ponta e seus impactos para o consumidor.
O que é horário de ponta?
Imagine uma fábrica que trabalhe em dois turnos: das 7 às 15 horas e das 15 às 23 horas. É possível afirmar que ela terá a mesma demanda e consumo nestes dois períodos e entre as 23 e às 7 horas?
A resposta, é claro, é não.
O período da madrugada, neste caso, tem uma demanda e um consumo menor do que ao longo dos outros dois turnos – incluindo o fato de os times administrativos não estarem no escritório.
Ainda que o home office e o trabalho híbrido tenham afetado parte desta lógica, ela costuma funcionar também nas residências. Boa parte das famílias passa o dia longe de casa: crianças na escola e adultos nos escritórios. Ou seja, o maior período de consumo e demanda residencial é justamente quando chegam em casa, a partir das 18 horas.
Nesse contexto, o horário de ponta consiste no momento em que o sistema é mais demandado: normalmente entre 18 e 21 horas de dias de semana comuns. A preocupação dos operadores é em oferecer segurança no abastecimento, visando não sobrecarregar as linhas de transmissão e evitar a necessidade de sobredimensionamento da rede para atender o horário de ponta.
É por isso, por exemplo, que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou um Programa de Resposta da Demanda, medida que explicamos em mais detalhes neste artigo.
De forma resumida, a iniciativa visa permitir que um consumidor ou um grupo deles faça uma oferta para uma redução de consumo no período em que o sistema é mais demandado (horário de ponta). Essa medida dá protagonismo aos consumidores, em especial os de grande porte, a tomarem decisões conforme a sua demanda.
Por que dados confiáveis aumentam a segurança do abastecimento energético? Saiba mais neste artigo!
Horário de ponta e o Mercado Livre de Energia
A aquisição de energia no Mercado Livre segue a velha lógica da oferta e da demanda. Quanto maior a demanda, maiores serão os preços. É por isso que, em muitos casos, buscar soluções alternativas pode ser um caminho para as empresas, pois o contrário é verdadeiro.
Imagine alterar o horário da empresa das 7 às 17 horas em vez das 8 às 18. Com isso, o contrato de uma indústria no mercado livre prevê uma demanda inferior de energia no horário mais exigido para o sistema – entre 18 e 21 horas –, resultando em uma diminuição desses custos.
Essa estratégia, obviamente, exige uma série de ajustes operacionais, produtivos e trabalhistas, mas é algo que pode ser planejado e executado no médio prazo. Nesse caso, a indústria estaria fazendo a contratação de uma demanda maior de energia no que se chama horário fora da ponta – todo o período que não contempla das 18 às 21 horas.
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