Aneel lança guia para avaliar maturidade tecnológica do setor de energia
Entidade se baseia em uma metodologia desenvolvida pela Nasa, a Technology Readiness Levels ou TRL, que se divide em 9 fases e 7 estágios de desenvolvimento
Em um momento no qual há diversas discussões sobre a evolução tecnológica em prol de uma transição mais sustentável, é preciso encontrar mecanismos para avaliar a maturidade tecnológica do setor de energia. Mais do que isso: como identificar caminhos e avaliá-los de forma estruturada?
Esta é uma questão fundamental para o país, especialmente quando se discutem melhorias e evoluções importantes. Entre elas, é possível citar as usinas hidrelétricas reversíveis, que explicamos neste artigo do blog, e a busca por técnicas para garantir o armazenamento de energia, o que pode ser uma transformação fundamental para os modais intermitentes, como as eólicas e solares.
Um dos desafios é identificar quando uma nova tecnologia pode ser declarada pronta para ser introduzida ao mercado com a devida eficiência energética. Este cuidado precisa ocorrer em diversas frentes, desde a operacional para não comprometer o restante do sistema quanto financeiro, de modo a se tornar uma tecnologia viável.
Guia de maturidade tecnológica do setor de energia
Tendo esse desafio em mente, a Aneel lançou um guia de maturidade tecnológica do setor de energia baseado em uma escala da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, chamado de Technology Readiness Levels ou TRL.
“As observações advindas dessas avaliações podem, então, ser qualificadas de acordo com uma escala que represente os níveis de maturação tecnológica, considerando parâmetros de confiabilidade que alcance todas as etapas do processo de desenvolvimento e de conformidade com a finalidade pretendida para o produto”, afirma a Aneel em um documento sobre o tema, que pode ser baixado aqui.
Inicialmente, a TRL tinha 7 níveis e agora ela está dividida em 9. “A escala TRL é uma ferramenta versátil que contribui para a tomada de decisões estratégicas e o desenvolvimento eficiente de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além disso, indica uma correlação específica, para cada tecnologia, entre o estágio de desenvolvimento e o cronograma definido para o seu desenvolvimento”, diz a Aneel.
Na prática, ela indica a confiabilidade da tecnologia em relação ao seu desenvolvimento. Confira os 6 níveis da escala TRL e seus 7 estágios de desenvolvimento.
Nível 1 – Estágio de Pesquisa básica – É uma investigação para que os estudos de P&D possam ser aplicados à realidade, baseados em uma tecnologia.
Níveis 2 e 3 – Estágio de Pesquisa para teste e viabilidade – Aqui, inicia-se a aplicação de conceitos ou de tecnologias para fazer testes em um primeiro momento. No nível 3, são realizados estudos analíticos e laboratoriais para validar as previsões estimadas para a tecnologia.
Nível 4 – Estágio de Desenvolvimento – Começam-se a validar os componentes ou sistemas, comprovando o seu funcionamento, mas longe ainda da operação final.
Níveis 5 e 6 – Estágio de Desenvolvimento – Após diversos testes, os componentes são integrados para simular a operação final em quase toda a sua integralidade – exceto, é claro, tamanho. Até este momento, os testes estavam sendo realizados em protótipos. A partir do nível 6, busca-se ampliar a escala para uma simulação mais fiel à realidade.
Níveis 7 e 8 – Estágio de Comissionamento – O nível 7 consiste na confirmação de que o protótipo funciona neste ambiente relevante (mais próximo da realidade). A fase 8 ocorre depois dessa comprovação, fazendo uma revisão operacional de tudo o que foi realizado, antes de seguir para o momento final da escala TRL.
Nível 9 – Estágio de Operação – É a fase em que a tecnologia pode ser declarada concluída: ela vai operar de forma segura em um ambiente real, considerando todas as análises realizadas previamente.
A Aneel reforça que a escala TRL não é uma métrica para o desenvolvimento de produtos. Pelo contrário, é uma metodologia para viabilizar as condições técnica, operacional e de atendimento de um novo produto. “É uma escala que afere o nível de confiabilidade dos diversos elementos tecnológicos que, em conjunto, compõem o produto de um projeto”, diz.
Este cuidado na avaliação de novas tecnologias é visto, inclusive, como um dos desafios para a transição energética no Brasil, conforme o The Economics of Energy Innovation and System Transition (EEIST). A escala TRL ataca o item 2 (realizar análises complexas) e 5 (elaborar alternativas viáveis), conforme abordamos neste artigo.
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