No pós-pandemia, investimento em energia renovável expande rapidamente
Relatório da Agência Internacional de Energia mostra grande avanço das renováveis, mas demonstra preocupação com financiamentos e a necessidade urgente de mudanças
(Imagem: Pexels)
Um levantamento da Agência Internacional de Energia (IEA) mostra que, em 2023, o investimento em energia renovável está em grande expansão. Pela primeira vez, o aporte de recursos em energia solar deve superar o realizado em óleo. De acordo com o relatório, a pandemia de Covid-19 teve um grande impacto nos aportes destinados ao setor, com um crescimento muito superior em anos recentes.
Esta preocupação se tornou mais evidente em 2021, quando diversos países enfrentaram dificuldades no abastecimento energético, entre eles o Brasil e a China. Esta situação – somada aos impactos da Covid-19 no custo dos combustíveis fósseis – aumentou as discussões sobre uma transição energética em prol de modais mais sustentáveis.
Existem outros motivos para este fato:
– O aumento dos custos e a volatilidade dos preços combustíveis fósseis e os benefícios dessas energias para a economia;
– O maior suporte político aos investimentos realizados em escala global, incluindo a União Europeia, Japão e China;
– Maior alinhamento relacionado às estratégias energéticas e climáticas, visando o atingimento de metas;
– Busca de muitos países por fortalecer iniciativas em energia renovável.
O relatório mostra uma realidade que já está ocorrendo no Brasil há alguns anos. A partir de 2016, os modais eólico e solar tiveram uma grande expansão a partir de 2016, acompanhando a evolução de suas tecnologias, conforme demonstramos neste artigo do blog. Não à toa, o país aparece em destaque no ranking de nações com maior aumento de investimento: 7ª colocação.
De forma estratégica, o país também criou uma secretaria voltada às energias renováveis, que fica dentro do Ministério de Minas e Energia.
Investimento em energia renovável: números que chamam a atenção
De acordo com os dados disponibilizados pela IEA, em 2023, os investimentos em energia devem atingir US$ 2,8 trilhões. Desse total, US$ 1,7 trilhão – o equivalente a 60,7% – será destinado às fontes limpas, incluindo modais renováveis, nucleares, armazenamento, combustíveis de baixa emissão, além de busca por mais eficiência e melhorias.
Somente o restante de aproximadamente US$ 1 trilhão será destinado aos combustíveis fósseis: 15% deste total para carvão e o restante para óleo e gás. Há cinco anos, a relação investimentos renováveis e fósseis estava em 1 para 1. Atualmente, para cada US$ 1 gasto em óleo, US$ 1,7 é voltado a energia limpa.
Há, porém, outras questões que envolvem este segmento, como as incertezas envolvendo os projetos de pesquisa e desenvolvimento. A maior parte destes recursos está sendo encaminhada em projetos envolvendo o setor automotivo, seguido de geração elétrica.
Há uma grande expectativa em relação ao hidrogênio verde, assim como o armazenamento de energia eólica e solar, mas é preciso evoluir nos estudos e, sobretudo, nos custos deste tipo de iniciativa. Não basta que elas sejam funcionais, mas precisam ser acessíveis e competitivas.
O impacto das mudanças climáticas
Apesar do avanço obtido, especialmente na comparação com o relatório anterior, a agência interpreta os resultados com equilíbrio. Há uma percepção clara a respeito dos avanços obtidos, com o crescimento e o suporte para o investimento em energia renovável. Por outro lado, isso está ocorrendo com maior força no mundo desenvolvido.
A preocupação da IEA é que os eventos climáticos globais e o rápido aumento da temperatura do planeta demandam uma mudança mais rápida. “A questão crucial é quão rápido o investimento em energia renovável pode escalar em economias desenvolvidas e emergentes, onde estratégias e políticas devem ser acompanhadas de acesso a recursos”, afirma o documento.
“Até o momento, os instrumentos de financiamento estão concentrados nas economias avançadas, chegando a quase 80% do total. Escalar estes instrumentos e mobilizar mais suporte de instituições financeiras será crítico na aceleração da transição energética”, ressalta. Leia o relatório na íntegra clicando aqui!
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