País completou dois anos de bandeira verde em abril de 2024
Boa condição dos reservatórios abre a possibilidade de não acionar as bandeiras amarela e vermelha ao longo destes período, sem a necessidade de cobranças adicionais aos consumidores
(Imagem: Divulgação Copel)
Desde abril de 2022, o Brasil vive um bom momento na geração de energia, o que culminou — em abril de 2024 — em dois anos consecutivos de bandeira verde. A marca é inédita e beneficia os consumidores, pois significa que não houve qualquer adicional de cobrança na tarifa de energia neste período.
Os bons volumes de precipitação nos lugares adequados transformaram completamente o panorama de 2021 para 2024. Ressalta-se que a disponibilidade de água é um dos principais fatores para a manutenção da bandeira verde e a boa projeção para o ano – veja outros pontos que interferem nessa decisão.
Em abril de 2024, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirmou que os níveis de reservatórios estavam estáveis, com índices superiores a 70% em três subsistemas — índice inferior ao do ano passado, mas que ainda não é considerado preocupante. A Região Norte conta com 96,5% de sua capacidade, o Nordeste 77,5% e o Sudeste/Centro-Oeste 74,4%.
As estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) são de que o mês de junho se encerre com todos os subsistemas em níveis superiores a 80% — o maior patamar desde o início da série histórica, que teve início em 2000. Isso contribui para a segurança energética do país a um preço mais acessível.
Outro ponto positivo é uma redução na demanda de carga em função da queda das temperaturas. No entanto, o cenário é menos favorável do que o que se via em 2023. O período úmido se encerrou com um volume menor de precipitações. Oficialmente, a época seca considerada pela Aneel se inicia no mês de maio.
Da escassez à tranquilidade
Em um comunicado no fim do mês de maio de 2023, o Ministério de Minas e Energia (MME) confirmou que o primeiro semestre de 2023 seria integral com bandeira verde.
E, além do bom resultado dos primeiros seis meses, a agência já se mostrava otimista para manter a bandeira verde para todo o ano, inclusive nos meses do período seco.
Este cenário que acabou se confirmando foi fruto das boa situação dos reservatórios de água do país país. De acordo com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), o estoque de água para a geração de energia estava “com os melhores níveis da última década” naquela época.
A situação fugiu à normalidade de tal forma, que o país chegou a exportar energia proveniente da abertura dos vertedouros, conforme explicamos neste artigo.
Chama a atenção esta condição positiva após o cenário de escassez vivido no Brasil há cerca de três anos. Em junho de 2021, o país chegou a decretar situação de emergência hídrica pela primeira vez em sua história.
A gravidade fez com que muitos comparassem a situação ao racionamento de energia elétrica ocorrido em 2001, quando o país tinha outra capacidade de geração de energia e era muito dependente das hidrelétrica.
Quando isso acontece, o país é obrigado a recorrer a outras fontes para produzir energia, sendo as termelétricas a principal opção.
No entanto, este tipo de geração é mais cara – sem contar os impactos ambientais –, o que obriga o país a mudar a cor das bandeiras tarifárias de verde para amarela ou vermelho, indicando que os custos de produção estão mais elevados e sendo repassados ao consumidor.
Bom cenário para negociações
As projeções favoráveis para a bandeira verde, inclusive no período seco, abrem a possibilidade de boas negociações para organizações envolvidas no mercado livre de energia.
Como as condições de compra, os prazos de pagamento e até mesmo a fonte de energia podem ser combinados, abre-se a oportunidade de obter bons descontos não só para as residências como para os grandes geradores.
