Mesmo com redução em 2022, tarifa de energia subiu acima da inflamação nos últimos 8 anos
Somente nos últimos oito anos, a tarifa de energia do brasileiro subiu 70% frente a 58% do IPCA, conforme a Abraceel; No Mercado Livre de energia, o aumento no mesmo período foi de 9%, fruto da competição
(Imagem: Pexels)
Um levantamento da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) mostrou que, nos últimos oito anos, a conta de luz do brasileiro ficou muito acima da inflação. Entre 2015 e 2022, a tarifa de energia residencial subiu 70%, enquanto o IPCA variou 58% ao ano.
O ano de 2022, porém, foi benéfico sob o ponto de vista inflacionário. No ano passado, houve uma redução média de 20% da tarifa residencial contra um crescimento de 4,7% do IPCA. Em 2021, a mudança foi em sentido oposto: o IPCA variou 10,06% frente a 21,21% da tarifa de energia.
A queda em 2022 é uma novidade: um estudo realizado pelo Instituto Ilumina mostrou que o custo da energia subiu bem acima da inflação nos últimos anos, especialmente para as indústrias. De 1995 a 2017, a tarifa média residencial foi 50% superior ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), enquanto as pequenas fábricas tiveram um reajuste 130% maior do que o IPCA.
Essa realidade demonstrada pela Abraceel afeta especialmente os consumidores do mercado cativo. No mercado livre de energia, no qual os clientes podem negociar contratos livremente, os preços aumentaram apenas 9% nos últimos oito anos, considerando sua variação média.
Não é à toa, que já se estima que o mercado livre atenda a 90% da indústria brasileira – e 38% da carga brasileira.
Ajustes estruturais
O presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, afirmou, no site da instituição, que a queda inflacionária foi fruto de fatores pontuais e que o setor ainda requer ajustes estruturais. “Quando retiramos os dois redutores, que foram conjunturais, a tarifa residencial continua mostrando uma trajetória de preços muito superior à inflação”, diz Ferreira.
No Ambiente de Contratação Livre, por outro lado, a concorrência impede o crescimento na mesma proporção. “Enquanto isso, no mercado livre, que é uma resposta estrutural para o problema que visualizamos, o preço da energia elétrica segue registrando variação abaixo da inflação, pois a competição pelo consumidor é um motor em funcionamento constante para ganhar clientes e mercado”, concluiu.
Nesse sentido, uma das possibilidades aguardadas pelos consumidores é a livre escolha do distribuidor, o que poderia aumentar a concorrência e diminuir os aumentos. Tratamos deste tema neste artigo do blog!
De acordo com a Abraceel, dois fatores foram preponderantes para a queda média de 20% em 2022:
I – Redução da carga tributária sobre a energia elétrica;
II – Melhora no cenário hidrológico e a redução a partir de usinas termelétricas;
Depois de uma grave crise de falta de chuvas em 2021, o país observou um bom índice pluviométrico nos locais adequados, o que permitiu o encerramento do período seco de 2022 em boas condições.
Caso as duas situações não tivessem convergido positivamente, a queda de 20% seria, na realidade, um aumento de 9%.
Situação é antiga: tarifa de energia subiu 499% contra 299% da inflação entre 1995 e 2017
De acordo com o diretor do Instituto Ilumina, Roberto D’Araújo, o Brasil está entre as nações com o custo de energia mais alto do planeta. “Temos o quinto megawatt/hora (MWh) mais caro do mundo. Por aqui o custo médio é de 267,38 dólares”. “A inflação acumulada de 1995 até 2017 foi 299% enquanto que o megawatt da tarifa residencial subiu 499%. No caso do setor industrial, a alta foi de 823%”, ressalta.
A pesquisa comparou o custo da energia de 30 países. Apenas Alemanha (US$ 329,71 por MWh), Bélgica (US$ 289,07 por MWh), Itália (US$ 276,08 por MWh) e Espanha (US$ 269,08 por MWh) contam com valores superiores aos identificados no Brasil. Por outro lado, o México está na ponta de baixo da tabela, com o menor preço – US$ 63,74 por MWh.
Uma das diferenças entre o Brasil e os demais países no topo da lista está em relação ao impacto da carga tributária sobre o custo. Segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2001, os encargos representavam 7% do custo da tarifa, subindo para 17% em 2017. Em ano eleitoral, há uma preocupação adicional dos empresários em relação ao setor, especialmente em relação a promessas que não podem ser cumpridas e cobram o seu preço no futuro.
Causas
Alguns fatores são apontados para justificar o alto custo da energia:
– Obrigatoriedade de contratação de energia de reserva;
– Criação de taxas para manter órgãos de fiscalização, operação e comercialização;
– Acúmulo de encargos setoriais e subsídios: Estima-se que, neste ano, somente a CDE se aproxime de R$ 35 bilhões.
Dicas
Recentemente, o blog da Solfus trouxe um post mostrando 9 formas de economizar energia para indústrias. Confira algumas das sugestões, como o uso de isolamento térmico, o aproveitamento da iluminação natural e busque meios de reaproveitar a energia gerada e não-aproveitada.
Se você tem interesse em migrar para o mercado livre de energia, nós trouxemos 7 dicas para empresas que estão habilitadas.
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