O longo caminho até a energia limpa
Investimento para conseguir transformar as estruturas energéticas de países em desenvolvimento deve superar a casa de US$ 1 trilhão ao ano
(Imagem: Freepik)
Com uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, o Brasil está em posição confortável em relação aos seus investimentos em energia renovável. E, na realidade, na última década, o direcionamento de recursos para a área de geração centralizada foi quase todo para as renováveis, conforme apresentamos neste artigo do blog.
Até 2030, o Brasil assumiu o compromisso com a Organização das Nações Unidas (ONU) em reduzir os gases de efeito estufa de 50 para 53%. E, apesar de a matriz energética brasileira já ser considerada limpa dentro do cenário global, há a necessidade de tornar este segmento ainda mais eficiente e sustentável.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em torno de 80% da energia gerada no país é considerada renovável. A média em todo o globo de fontes “verdes” é de 29%.
Este dado brasileiro supera, inclusive, os países considerados desenvolvidos. A Alemanha, por exemplo, ainda tem 27% de sua energia gerada por carvão – este índice era de 52% em 2000. No Reino Unido, a última usina de carvão foi desligada em 30 de setembro, mostrando o compromisso para se atingir o caminho até a energia limpa.
Mesmo estando na vanguarda deste segmento, o Brasil também tem os seus desafios a serem encarados em relação à legislação, à tecnologia, à atração de investimentos, entre outros fatores.
Quais são os desafios para a transição energética do Brasil? Apontamos os detalhes neste artigo!
Caminho até a energia limpa requer investimentos
Recentemente, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou uma expectativa de um investimento anual de US$ 1,3 trilhão para toda a América Latina para obter sucesso na mitigação dos efeitos da mudança climática. Os dados estão em um artigo de opinião divulgado recentemente em O Estado de S. Paulo, que pode ser consultado na íntegra aqui.
O Banco Mundial, por outro lado, traz uma perspectiva de aporte de US$ 2 trilhões ao ano até 2030 dentro do grupo dos países em desenvolvimento – não restritos ao continente americano. Nesse levantamento, cerca de dois terços dos recursos devem ser oriundos do setor privado.
Um dos fatores apontados por ambos os dados é que o volume de recursos necessários nesse caminho até a energia limpa vai depender de uma ação conjunta entre governos e iniciativa privada. É inviável que a gestão pública dos países em desenvolvimento seja capaz de suportar esta demanda.
A escolha pelo modelo de transição energética mais adequado terá fator determinante na atratividade de players envolvidos neste setor, visto que os valores na casa de trilhões dependerão da participação dos players privados.
No entanto, este valor na casa do trilhão equivale a 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco comercial da América Latina, o que é impensável em um local com outros problemas a serem atacados. Estamos falando da busca pelo desenvolvimento econômico, saneamento básico e segurança pública, o que impacta também a capacidade de investimento em ciência e tecnologia.
No entanto, a percepção do BID é que a América Latina pode usar estes recursos para a transição energética e a sua capacidade de geração de energia limpa – a exemplo do que acontece no Brasil – para se tornar um hub e exportar soluções verdes. Entre estas opções, aparece com destaque o Hidrogênio Verde, que é considerado o combustível do futuro por muitos segmentos.
Investimentos possíveis para o Brasil
Novas tecnologias – caso do Hidrogênio Verde – terão que ser descobertas e exploradas para determinar totalmente o seu potencial. Para isso, a Aneel estabeleceu um guia para avaliar a maturidade tecnológica e analisar a sua evolução até o seu uso por completo. Listamos este processo neste artigo: clique aqui e leia integralmente.
Tudo isso precisa ser acompanhado de segurança jurídica para os investidores, o que requer adaptações regulatórias para o setor. São estes ajustes por parte do poder público que vão facilitar a atração de players interessados em energias renováveis em áreas como:
– O armazenamento de energia, tema que já entrou em discussão entre os players, fazendo com que as eólicas e as solares cheguem a um novo patamar na capacidade de abastecimento do país. Leia mais aqui!
– As usinas hidrelétricas reversíveis também são vistas como um investimento inteligente, visto que podem ser usadas de diferentes maneiras.
– As eólicas offshores, que estão localizadas em alto mar, apresentam um grande potencial no extenso litoral brasileiro, podendo representar até 20% da energia gerada no país.
Apesar de estar na vanguarda e já ter uma matriz considerada sustentável em comparação ao restante das outras nações, o Brasil também terá um longo caminho até a energia limpa, considerando os padrões necessários para o futuro.
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